Vacina anticovid em crianças – Foto – Agência Brasil/Divulgação

Quase cinco meses depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial da CoronaVac para crianças entre 3 e 4 anos, apenas 7 em cada 100 crianças da faixa etária receberam as duas doses do imunizante.

O levantamento obtido com exclusividade pela GloboNews é do projeto Observa Infância, uma parceria do Instituto de Comunicação e Informação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), realizado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

Com dados do Ministério da Saúde, levantados no último dia 28 de novembro, o Observa Infância também mostra que mais da metade das crianças de 3 e 4 anos, que tomaram a primeira dose, ainda não voltaram para completar o esquema primário de vacinação contra a Covid.

No Brasil existem cerca de 5,9 milhões de crianças na faixa etária de 3 e 4 anos e, 1.083.958 (18,41%) tomaram a primeira dose. Já para a segunda dose, apenas 403.858 (6,85%) voltaram aos postos.

Em entrevista ao Jornal das Dez, Patrícia Boccolini, coordenadora do Projeto, disse que “as aprovações são passos importantes, mas o outro passo também de extrema importância é que a vacina chegue e que ela de fato seja aplicada. Tanto em 2020 quanto em 2021, o Brasil perdeu 2 crianças menores de 5 anos por dia para a Covid”.

‘Processo burocrático’

 

A Sociedade Brasileira de Imunizações afirma também que as manobras de aprovação pela Conitec são situações que dificultam a vacinação de crianças no País.

Um exemplo disso é que somente nesta última terça-feira (29) a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) deu o primeiro parecer favorável a vacina contra a Covid para crianças de 6 meses a 4 anos sem comorbidades.

A “Pfizer Baby” foi aprovada pela Anvisa em setembro, sem restrição de aplicação, entretanto, o Ministério da Saúde somente distribuiu as doses apenas para as crianças com comorbidades.

“Vacina nenhuma e idade nenhuma passaram por esse processo burocrático. A vacinação de crianças a partir de 6 meses, por enquanto, é só para quem tem comorbidades. É necessária a urgente e rápida aquisição de mais doses. Só em 2022, foram mais de 13 mil hospitalizações de crianças menores de 5 anos de idade e 470 óbitos”, disse o pediatra infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Renato Kfouri.

No caso da CoronaVac para crianças de 3 a 4 anos, a vacinação infantil para esse público também chegou a ser suspensa em alguns municípios do país por causa da falta de doses.

Vários municípios já reclamaram de falta de Coronavac e alguns chegaram a suspender a imunização dos pequenos por não terem a vacina nos estoques, como o Rio de Janeiro.

Em novembro, o Ministério da Saúde comprou um lote com 1 milhão de doses da Coronavac junto ao Instituto Butantan, produtor da vacina no Brasil. A quantidade, porém, é considerada insuficiente já que, no momento, esse é o único imunizante distribuído pelo governo federal para crianças de 3 a 4 anos.

Fonte – g1