Uma investigação conduzida pela Polícia Civil revelou que uma locadora de veículos, suspeita de envolvimento em fraude de contratos com a Prefeitura de Caseara, tem como sede um endereço que, na prática, funciona como uma açaiteria em Palmas. A operação, batizada de “Najas,” resultou no afastamento de diversas autoridades do município nesta terça-feira, 5, incluindo a prefeita, o vice-prefeito, o presidente da Câmara de Vereadores e secretários.
No período da manhã, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, 15 ordens de afastamento de função pública e 20 medidas cautelares. Além disso, houve o recolhimento de fiança no montante total de R$ 1,64 milhão.
A operação “Najas” tem como foco principal um suposto esquema de corrupção relacionado à locação de veículos entre os anos de 2017 e 2020, com um montante suspeito de movimentações que ultrapassam R$ 23 milhões. A locadora em questão, conforme a polícia, foi contratada em licitações realizadas pelo município, porém, segundo as investigações, trata-se de uma empresa fictícia.
Os principais envolvidos no suposto esquema foram afastados de suas funções, incluindo a prefeita Ildislene Santana (DEM), o vice-prefeito Francisco Neto (PTB) e Cleber Pinto Cavalcante (DEM), presidente da Câmara de Vereadores, além de secretários e servidores públicos.
O modus operandi da fraude envolve a criação da empresa fictícia após as eleições de 2016, quando a prefeita foi eleita para o primeiro mandato. A locadora, que sequer existia fisicamente e operava em um endereço fictício, teria participado de licitações com uso de documentos ideologicamente falsos.
Adicionalmente, a polícia apura indícios de superfaturamento e lavagem de dinheiro. Valores recebidos pela locadora eram prontamente transferidos para contas de terceiros, dificultando a rastreabilidade dos recursos. Moradores de origem humilde, segundo a investigação, realizavam transferências de grandes quantias para a empresa.
Além disso, a empresa teria transferido veículos para familiares da prefeita após o término dos contratos, e um filho da prefeita teria criado uma empresa fictícia para prestação de serviços públicos, possivelmente envolvida em outras fraudes.
As autoridades afastadas e a defesa dos envolvidos negam as acusações, alegando falta de acesso aos autos do inquérito. A Prefeitura de Caseara informou que a empresa não possui contratos vigentes desde 2020 e colabora com as investigações.