Conteúdo Gazeta do Cerrado

Dia de luto para os quilombos e comunidade negra tocantinense.

Morreu a líder quilombola Fátima Barros, 48 anos . Ela faleceu na manhã desta terça-feira (06) por complicações decorrentes da Covid-19.

Fátima deixa exemplo de dedicação ás causas sociais do Tocantins.

Saiba um pouco da história dela: 

Nascida no município de Araguatins, região do Bico do Papagaio, Maria de Fátima Barros é a nona dos dez filhos de seu Cantidio Barros e dona Vicência Barros. Foi a primeira de sua família a ingressar no ensino superior, formando-se em pedagogia pela UFG.

Para além do seu comprometimento com a educação pública, Fatima lutou bravamente pelo reconhecimento e titulação do Quilombo Ilha São Vicente, onde reside o seu povo remanescente de africanos escravizados. À esta luta, ela somou uma trajetória de vida dedicada em defesa de todos os povos tradicionais e do direito ao território, enfrentando corajosamente o latifúndio e o Estado e tornando-se uma das principais vozes afro-brasileiras contra a violência no campo.

Gazeta lamenta

A Gazeta lamenta a perda de Fátima e destaca sua luta e trajetória de resistência.

Ajunta Preta lamenta 

Em nota encaminhada á Gazeta,
o Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Tocantins- Ajunta Preta, manifestou solidariedade aos familiares e lamentou a morte da líder cultural.

Veja a íntegra da nota:

Com imensa tristeza, o Coletivo Feminista de Mulheres Negras do Tocantins- Ajunta Preta, vem a público manifestar pesar diante do falecimento da líder quilombola Fátima Barros, ocorrido na manhã desta terça-feira (06) por complicações decorrentes da Covid-19.

Nascida no município de Araguatins, região do Bico do Papagaio, Maria de Fátima Barros é a nona dos dez filhos de seu Cantidio Barros e dona Vicência Barros. Foi a primeira de sua família a ingressar no ensino superior, formando-se em pedagogia pela UFG.

Para além do seu comprometimento com a educação pública, Fatima lutou bravamente pelo reconhecimento e titulação do Quilombo Ilha São Vicente, onde reside o seu povo remanescente de africanos escravizados. À esta luta, ela somou uma trajetória de vida dedicada em defesa de todos os povos tradicionais e do direito ao território, enfrentando corajosamente o latifúndio e o Estado e tornando-se uma das principais vozes afro-brasileiras contra a violência no campo.

A partida precoce de Fátima Barros, infelizmente é mais uma consequência do governo genocida de Jair Bolsonaro e de seus algozes, que sem qualquer constrangimento se colocaram como inimigos dos povos tradicionais, e que perversamente fortalecem a presença do coronavirus nos territórios, retardando o acesso à vacinação.

Apesar da revolta e da tristeza, é preciso que não esqueçamos e que não deixemos que se esqueça que o legado de luta que Fátima Barros nos deixa é uma herança que atravessou o Atlântico e que continuará na nossa trajetória e das futuras gerações. Como ela sabiamente nos diz:

“Somos a luta daqueles que atravessaram o mar nos navios, daqueles que retornaram em nós e que depois de nós voltarão em outros guerreiros. Nós somos povo Banto! Nós não morremos! Nós sempre voltaremos! Nós somos guerreiros de Zumbi e Dandara, nós somos a força do Quilombo!”

O Ajunta Preta presta afetuosas condolências aos familiares e ao povo do Quilombo Ilha São Vicente, assumindo o compromisso de honrar a memória e o legado eterno da companheira Fátima Barros.

Fátima presente! Fátima semente!

(Fonte das informações biográficas: Ajunta Preta)