A Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) atuará para solucionar o problema de aproximadamente 110 remanescentes da Faculdade para o Desenvolvimento do Sudeste do Tocantins (Fades), instituição extinta, que não conseguiram concluir seus cursos superiores ou não receberam os diplomas da graduação.
A Prefeitura de Dianópolis, que fundou a Fades em 2005 e ainda é responsabilizada legalmente pela extinção da faculdade sem o atendimento a esses remanescentes, realizou uma Audiência Pública na Câmara Municipal da cidade na tarde desta quinta-feira, 12, com a participação da Unitins, representada pela reitora Suely Quixabeira, e do Conselho Estadual de Educação, representado pelo presidente, Evandro Borges Arantes, e pela Técnica em Educação Superior, Izabel Cristina Fernandes de Miranda e os alunos remanescentes.
Para dar solução ao problema enfrentado por essa centena de pessoas desde a extinção da Fades, a Unitins se dispôs a firmar um Termo de Cooperação Técnica com o Conselho Estadual e a Prefeitura. Durante a Audiência a reitora Suely Quixabeira explicou que, mesmo sem obrigação legal, já que esses 110 remanescentes não eram alunos da Unitins, a Universidade Estadual do Tocantins analisará a documentação de cada um e abrirá um edital específico para contemplá-los, de modo que eles passem a ter vínculo com a Unitins e recebam seus diplomas atendendo aos critérios que o Conselho Universitário (CONSUNI) determinar para a proficiência.
Ainda segundo a reitora, independentemente de não haver obrigação legal com o caso, o governador Marcelo Miranda incumbiu que a Unitins atue com responsabilidade social e solucione a questão.
“Desde o início da Gestão, em 2015, quando recebemos a Comissão dos alunos remanescentes, nos colocamos à disposição para contribuir com a solução desse problema conjuntamente com todas as partes envolvidas. São sonhos, são famílias prejudicadas, são pessoas que abdicaram de inúmeras coisas para se dedicar aos estudos na faculdade e que amargam a frustração desde a extinção da Fades. Nós, com apoio total do governador, vamos atuar de forma responsável e social para solucionar esse problema e possibilitar que esses alunos remanescentes possam concluir a graduação e finalmente tenham seus diplomas em mãos”, enfatizou a reitora.
Um dos líderes do grupo de remanescentes, Marcelo de Melo Fernandes, que era aluno do curso de Administração da FADES, lembrou que “na conclusão do curso a gente imaginou a realização de um sonho. Nível superior no Sudeste do Tocantins era até inimaginável na época. Mas o que tivemos foi decepção. Explicar isso para a família é complicado. Dizer: ‘filho, eu não estava assistindo novela, não estava na balada, eu não estava aqui com você, te vendo crescer, porque eu estava estudando; não podia te levar para passear porque o dinheiro era para pagar a mensalidade da faculdade’ e conseguir que eles entendam que nós terminamos o curso, mas não temos diploma e não podemos exercer a profissão. Imagine o prejuízo e a frustração”.
Marcelo é um dos líderes do grupo de remanescentes (Foto: Ceila Menezes)
Para ele, a notícia de que a Unitins atuará nesse processo, “sinceramente é uma das notícias mais felizes que já tivemos até o momento. Estamos tendo uma nova oportunidade e uma chance de podermos dizer que não foi um desperdício de tempo, dedicação e dinheiro. Assim estão nos mostrando que podemos acreditar no cuidado com a educação. Estão assumindo uma responsabilidade que originalmente não é deles, mas agora estão solidários conosco. Isso é extraordinário e com certeza contribuirá para o desenvolvimento da região. Finalmente alguém nos ouviu e veio ao nosso socorro. O sentimento é de alívio e gratidão.”
Késsia Augusta Gomes Santana Soares, que era aluna do curso Tecnólogo em Gestão Ambiental da FADES, também diz que a Unitins é a esperança do grupo de remanescentes. “Já fomos em todos os órgãos competentes e a nossa esperança é que a Unitins se sensibilize com a nossa causa e nos ajude”, reforçou.
Responsabilidades
O presidente do Conselho Estadual de Educação, Evandro Borges Arantes, explicou qual será o papel do Conselho nesse processo: “Como foi o Conselho que credenciou a FADES e reconheceu todos os cursos que eram ofertados aqui [pela FADES], e que portanto tem o acervo e a documentação que comprovam a regularidade desses estudos, nós iremos validar esses estudos e informar oficialmente a Unitins de que esses estudos são válidos. A partir daí a Unitins terá condições de analisar como firmar o vínculo desses alunos com a instituição”.
À Prefeitura de Dianópolis caberá a responsabilidade financeira com todo o processo de resolubilidade da situação. “Nosso papel, além de estarmos hoje como guardiões de todo o processo e documentação, será assumir todos os custos desse processo”, explanou o prefeito.
“Nossa preocupação em resolver é tão grande quanto a alegria e a satisfação de ver esses passos sendo dados. A FADES foi criada pelo município, ou seja, nós temos uma corresponsabilidade ou até uma responsabilidade plena diante desse processo. E, uma vez que ela foi encerrada [FADES] e não tendo a Prefeitura condições de diplomar esses remanescentes, foi daí que veio a situação de procurar a Unitins e o Conselho para regularizar a vida desses acadêmicos”, declarou o prefeito Gleibson Moreira.
Ao final da Audiência Pública foi marcada uma reunião para o dia 03 de maio na sede do Conselho Estadual de Educação, em Palmas, para elaboração do Termo de Cooperação Técnica.
Os remanescentes podem acompanhar os próximos passos das tratativas por meio do Portal Oficial da Unitins.