Rogério Tortola – Gazeta do Cerrado

Estudantes da Universidade Federal do Tocantins (UFT) tem relatado casos de assédio que vem ocorrendo dentro da universidade. Segundo as alunas, esta situação se repete já algum tempo e muitos destes casos têm sido abafados, tanto para preservar o nome da UFT como dos alunos.

A presidente do Centro Acadêmico de Medicina, Bruna Cunha Melo, conversou com a Gazeta do Cerrado e revelou um dado assustador, alguns inclusive com boletins de ocorrência (BO) junto a delegacias.

Casos abafados

Ela conta que o problema não é só no curso de medicina. “Dentro da UFT já vem ocorrendo casos de assédio de alunos com outras alunas, não só do curso de medicina, nós mulheres levávamos pra cargos maiores, mas sempre foi abafado com panos quentes, tanto pra resguardar o nome UFT, como o aluno”, explica Bruna.

Mais de 30 relatos

Ele ressalta que assédio é crime e recentemente o C.A. de Medicina foi procurado por inúmeras meninas do próprio curso e de outros cursos (mais de 30) com queixas. Relatos dos mais leves aos mais abusivos, “nós não podemos nos calar diante disso”, diz a presidente.

Diz ainda que está levando as denúncias adiante. “Como presidente do C.A. estou tomando as medidas cabíveis dentro da UFT, levando os relatos e BO´s, tudo anexado a um documento, pra ouvidoria da UFT e estamos acolhendo todos os relatos”.
Lembrou que assédio não precisa de provas, como cobram, o relato e BO da mulher já é mais que suficiente.

Bruna ainda se posicionou como mulher e fala da falta de segurança. “Como mulher, parte de um grupo de minorias, já nos calamos por muito tempo e isso tem que acabar”.
Fala também da falta de segurança. “Vivemos com medo de ir embora às 22h dentro do ônibus, ou ficar no campus que é extremamente mal iluminado, poucos seguranças rondando, acesso a qualquer um e pior, enorme burocracia pra relatar e sanar esses problemas”.

Busca por outras vítimas

Os estudantes criaram uma pesquisa, por meio de um formulário no Google para que outras vítimas também possam relatar abusos. Confira no link abaixo.
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeaz8JYEhHJ7e-6W85YMSKnExeVVsWLCCznvvFgDWHG69YGNw/viewform

Manifestação

Os estudantes estão planejando uma manifestação, que ainda não tem data definida para realizar uma manifestação de repúdio e contra o assédio, de acordo com a presidente do CA, esta manifestação deve ocorrer na próxima semana. O CA também divulgou nas redes sociasi uma nota de repúdio com um número de telefone.

Veja abaixo a nota na íntegra.

NOTA DE REPÚDIO
Um clamor público com teor de denúncia chamou a atenção deste centro acadêmico. Chegou ao nosso conhecimento que estudantes se uniram contra um estudante de medicina da UFT, a acusação que lhe pesa: assédio sexual contra alunas do próprio curso e de outros cursos. Em primeiro lugar, o curso de medicina da UFT NÃO concorda com atos que ferem a imagem de QUALQUER PESSOA, nesse caso exclusivo, as mulheres, e nunca vamos tolerar isso. Saibam que, toda e qualquer vítima desse tipo de violência (nesse caso) que quiser ser acolhida ou denunciar suas ações dentro do nosso centro acadêmico será bem vinda, independente de pertencer ao curso de medicina ou não, conte com nosso apoio.
Em segundo lugar, queremos deixar claro que também não temos competência para declarar alguém como culpado, porém faremos o possível para encaminhar as denúncias para os òrgãos responsáveis e capazes de julga-los. TODA E QUALQUER DENÚNCIA SERÁ ACOLHIDA PELO CENTRO ACADÊMICO E LEVADO ADIANTE PARA COMPETÊNCIAS SUPERIORES DO CURSO (podem ser anônimas) de forma impressa, para que a coordenacao tambem saiba dos ocorridos. Além disso, aconselhamos que façam boletim de ocorrência da delegacia da mulher, pois esse tipo de atitude é crime!
Presidente do CA medicina (63) 99100 4242 – tirem suas dúvidas quanto ao que faremos com os depoimentos.

– A UFT

Nossa equipe tentou ouvir o reitor da UFT sobre o assunto mas não obteve retorno. Um pedido de posicionamento foi feito para a assessoria de comunicação.