Especial Gazeta
Texto: Nielcem Fernandes
O Instituto de Natureza do Tocantins (Naturatins) é o órgão ambiental responsável pelo resgate, triagem e destino de animais silvestres em situação de risco ou fora do seu habitat natural em todo Estado.
De acordo com a veterinária e Supervisora da Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, o que ocasiona a debandada dos animais são as pressões que eles sofrem no meio ambiente com a perda do seu habitat e alertou “com o avanço da agropecuária e das queimadas vão diminuindo as áreas naturais. Na época da estiagem, quando o mato pega fogo, os bichos saem desorientados invadem rodovias e se aproximam da cidade” explicou.
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Em 2016, o Naturatins recebeu 1.440 animais, sendo 858 aves, 189 mamíferos e 393 répteis. Já em 2017, foram recebidos 813 animais até a presente data, sendo 567 aves, 99 mamíferos e 147 répteis. A grande maioria das aves é do grupo dos psitacídeos.
O Portal Gazeta do Cerrado entrou em contato com o Naturatins para entender como funciona esse processo.
O Naturatins trabalha com demandas espontâneas, atendendo a solicitação da população e o número de animais atendidos está diretamente relacionado às atividades e a eficiência da fiscalização. Os animais são resgatados de diversas formas, como em operações contra o tráfico de animais, denúncias contra criadores domésticos, atropelamentos e outros acidentes ou denúncias de maus tratos. Para atender as demandas o Naturatins conta com vários parceiros como o Batalhão de Policia Militar Ambiental (BPMA), IBAMA,  Corpo de Bombeiros e Guarda Metropolitana Ambiental e os animais são recebidos nas 15 regionais e 4 Unidades de Conservação, que estão localizadas em todas as regiões do Estado.
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Entrevistamos a veterinária e Supervisora da Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco para entender o que acontece com os animais silvestres após o resgate, que disse: “a primeira coisa que a gente faz e a identificação da espécie, depois fazemos uma avaliação geral desse animal para saber qual vai ser o destino dele”. No caso dos animais aptos, que não apresentam problemas que impeçam sua sobrevivência o Naturatins  realiza a soltura imediata/abrupta (hard release) com procedência e ocorrência natural para a espécie comprovada no local de captura pois esses animais podem até vir a óbito como consequência do estresse em cativeiro.
Para os animais mansos, geralmente provenientes de criação ilegal é realizada a soltura branda (soft release). Tais animais não possuem de imediato, os quesitos básicos para sobreviver, como a capacidade de buscar alimentos voluntariamente e reconhecer predadores. A maior parte deles precisa perder a mansidão e evitar aproximação com pessoas e passam um período em recintos pré-soltura em fazendas parceiras, onde é fornecido apoio adicional aos espécimes como alimento e aclimatação.
Caso o animal apresente algum problema que impeça sua soltura, alguns cuidados são necessários antes de seu retorno ao habitat natural “se for o caso, o ele é submetido a tratamento e reabilitação principalmente alimentar. E se der tudo certo ele vai ser solto” disse.
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Outros animais ainda sem totais condições de soltura são encaminhados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, localizado em Araguaína que é fruto de uma parceria deste Instituto e o Batalhão de Polícia Militar Ambiental.
Também existem os animais que apresentam sérios problemas e não sobreviveriam caso fossem reintroduzidos á fauna “se o animal tiver algum problema incompatível com a vida, ele será encaminhado para cativeiro ou um criadouro legalizado, onde passará o resto da vida” explicou.
O Tocantins ainda não possui um cativeiro legalizado para receber esses animais, que são destinados à Goiás, Pará e Rio Grande do Sul. Atualmente esta sendo construído o primeiro criadouro legal do estado no município de Almas para receber varias especies.
Questionada sobre o tempo de recuperação dos animais a veterinária disse que pode variar, pois isso depende do estado em que o animal foi resgatado. Fatores como maus tratos relacionados à dieta inapropriada, o corte das penas das asas, o confinamento em locais muito pequenos, as sujidades do ambiente e a “domesticação” aumentam significativamente o tempo da reabilitação.
Segundo a veterinária, os animais mais resgatados são as aves da família dos psitacídeos, como as araras e papagaios e salientou “as pessoas quando pegas os animais, acabam cortando as penas das asas ou colocam em gaiolas muito pequenas e isso atrofia a sua musculatura e aumenta o tempo de reabilitação. Não temos um tempo certo”
Qualquer cidadão pode acionar o Naturatins para o resgate dos animais silvestres em todo Estado; Basta ligar para a o setor de fauna através dos números: 63 3218 -2677 ou no setor de fiscalização: 3218-2670. Na capital é só ligar 153 que sua ligação será encaminhada para os órgãos responsáveis pelo resgate.