Consciência e preservação do meio ambiente são fundamentais para a manutenção da produção no campo, afinal é da terra que o produtor rural tira o sustento. Carlos Meurer, que cultiva abacaxi no Perímetro Irrigado Manuel Alves, localizado no município de Dianópolis, Sudeste do Tocantins, ressalta que as técnicas de cultivo beneficiam o agricultor, mas o meio ambiente tem um papel fundamental para que as culturas se desenvolvam a contendo.
“A nossa região tem sofrido transformações consideráveis nos últimos dois anos, uma pela influência e interesse do governo estadual e outra pela vinda de produtores tecnificados de outras regiões que somados aos poucos que ali estavam cultivando alavancaram o projeto de forma considerável aumentando com isto a área plantada e dando condições de gerar empregos, cuidar do meio ambiente, procurar sanar os problemas”, pontua Meurer.
Meurer adota o cultivo no “mulching” que é uma técnica que garante os benefícios tanto ao agricultor, quanto ao meio ambiente, tendo em vista que gera uma economia no consumo de água em 60%, redução da utilização de herbicidas em 55%, a criação de um ambiente microbiológico que aumentam a quantidade de elementos benéficos ao solo, além de garantir a contenção da erosão, frutos de melhor qualidade e a diminuição do ciclo da planta em pelo menos 90 dias, o que leva a necessidade de menos área para cultivar os frutos.
De acordo com Meurer, sua propriedade tem ainda uma “biofábrica” que utiliza esterco de ruminantes e produtos biológicos para a produção de um produto que é utilizado em todos os cultivos. “Eles criam um ambiente muito favorável e propício para a captação de micro nutrientes necessários para as plantas e uma descompactação natural do solo.”
Produção integrada
Também no Tocantins, o produtor João Damasceno de Sá, proprietário da Fazenda Brejinho, em Pedro Afonso, utiliza um sistema de integração entre as lavouras de milho e soja com a criação de gado. A família produz no Estado desde 1945. Em média são 70 mil sacas por colheita e com a agricultura e a pecuária integradas, Sá consegue manter a saúde da terra. Após a colheita da soja é formado o pasto e depois o plantio da soja é feito sobre o capim e isso garante uma terra sem adubação e com uma qualidade maior.
“O sistema de plantio que utilizamos hoje é voltado para aliar a conservação do meio ambiente e aumento da produtividade. Outra coisa é que não mexemos no solo e isso aumenta a matéria orgânica. O que utilizamos é a agricultura de precisão em algumas glebas, técnica que para nós da região é relativamente nova. Já fizemos de dois métodos diferentes e em termos de custo-benefício, reduz a quantidade de adubação e de forma eficiente”, relata o produtor rural João Damasceno de Sá Filho.
Na pastagem integrada com a agricultura os nutrientes da terra são reciclados. “A grama consegue pegar os nutrientes que a soja e o milho não conseguem e como plantamos sobre o capim, além de descompactar a terra faz-se uma rotação de cultura dessa área”, explica o produtor ao relatar que a decisão em manter uma produção sustentável não é fácil no Tocantins. “Infelizmente na nossa região não temos nenhum incentivo com relação a isso. Nem na pecuária e nem na agricultura, mas estamos preocupados com a sustentabilidade. Usamos a terra de forma correta e assim esse solo cria uma condição produtiva muito maior.”
Destaque
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Faet), Paulo Carneiro, é preciso incentivar o produtor e neste sentido, vários programas e cursos são realizados e buscam incentivar a adoção de práticas sustentáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Ele destaca o programa ABC Cerrado onde 400 propriedades rurais vão receber assistência técnica e gerencial a partir de agosto e mais de mil produtores rurais serão capacitados até 2017.
Fonte: Jornal do Tocantins