Não é de um nome que o Tocantins precisa para 2022, é de um estilo político 

Maju Cotrim

O Estado inicia uma semana com mais desafios ainda: começar a vagarosamente ir dando passos cuidadosos para uma retomada em vários sentidos. Volta ás aulas presenciais devagar e em etapas. O alerta latente é pela manutenção dos protocolos já que nenhum de nós não quer nunca mais passar pelos dias difíceis de março, mês mais letal da pandemia.

Além das medidas estaduais e municipais o papel de cada cidadão é estratégico e determinante nesta luta e não adianta transferir esse combate apenas para políticos.

O cenário de 2022 cada dia pauta ainda mais alguns interessados pelo governo ou Senado, principalmente os que discordam do grupo da atual gestão. Qualquer gesto agora é visto como direcionado para 2022. Qualquer aproximação (como a da prefeita Cínthia do governo, por exemplo) ou ausência já são creditados a 2022.

Diariamente líderes me perguntam quem eu acho que estará com quem… quem sairá e quem não vai demonstrando uma ansiedade natural para quem acompanha política no Tocantins e sempre respondo: por mais que haja pretensões já bem definidas e até pesquisas rolando antes de 2022 ainda tem 2021.

O mesmo 2021 que nos assustou com uma segunda onda de Covid que levou tanta gente conhecida e deixou centenas de famílias em luto. O mesmo 2021 que escancara o aumento da miséria, feminicídio e abismo social. Antes da sobrevivência ou não de grupos políticos está a de, por exemplo, cerca de 102 mil pessoas que vivem abaixo da linha da extrema pobreza em todo Estado.

Antes de qualquer nome para 2022 há os desafios de 2021 para serem discutidos e pautados com responsabilidade independente de lados políticos. Mais que um nome para 2022 o Tocantins precisará de um projeto e estilo de governo colocados de forma clara para um propósito planejado. Precisará da contribuição qualitativa de todos independente de cor partidária.

Em 2022 obrigatoriamente não caberá projeto do famoso “poder pelo poder” que alguns políticos tanto criticam em palanques. Quem quer disputar governo ou Senado democraticamente tem total direito de colocar seus nomes mas junto com isso qual projeto de e para o Tocantins terão. A eleição de 2022 deverá ser pautada pelos reflexos pós-pandêmicos. E sim, não vai ser só o grupo político que vai importar ou fazer a diferença mas qual o projeto de Tocantins destes grupos.

Eu estava pensando no que fazer nos 32 anos de Palmas e resolvemos voltar os olhos jornalísticos para uma região da capital ainda tratada como invisível: A Capadócia. Após uma manhã exaustiva de entrevistas encontro uma senhora na porta com uma bengala feita de cano.

Uma desbravadora chamada Dona Maria me chamou atenção. Com tom de revolta ela desabafou e relembrou daquele que ela diz ter sido o único que deu a mão a ela: Siqueira Campos. Aos 70 anos ela ainda não vacinou contra a Covid por não ter condições de ir. “Eu queria que ele fosse novo e voltasse novamente”, palavras dela em entrevista á Gazeta. Quando Dona Maria falou do Siqueira ela remeteu á referência de estilo de governante que guarda. Da vontade que tem de ser abraçada por políticas públicas e se sentir cuidada. Para a população governos não são apenas nomes mas principalmente um estilo de governar.

Temos muitos tipos de Marias e outros tocantinenses que já viviam em situação difícil e agora agravaram a vulnerabilidade e que ainda dependem de políticas sociais federais e estaduais.

Fazer com que as políticas cheguem na ponta é uma necessidade pós-pandêmica no país. Quem será ou não candidato não é possível dizer com certeza agora (mesmo com tantas conjecturas) mas a missão e obrigação de cada um de propor um projeto de amparo social já é uma das poucas certezas sobre 2022.

Sair das bolhas políticas é necessário para enxergar as reais necessidades do Tocantins não para 2022 mas para a próxima década. É sobre as necessidades reais de um Estado e não só sobre pretensões de grupos.

Bom dia!

Boa semana!