Brener Nunes e Lucas Eurílio
Uma nova variante do SARS-CoV-2 foi identificada em alguns países da África. Chamada de B.1.1.529, preocupa, uma vez que já tem 50 mutações — algo nunca visto antes —, sendo mais de 30 na proteína “spike” (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é o alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19).
O médico, professor da Universidade Federal do Tocantins, assessor do Ministério e membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Neilton Araujo, esclareceu à Gazeta que a situação está mais grave. “O aparecimento, nesta semana, de uma nova variante do coronavírus, na África do Sul, torna mais séria a possibilidade de recrudescimento da Covid-19, em todos os países. Essa variante é muito mais transmissível do que a variante Delta, que já era altíssima, e já se propagou para 6 países africanos, alguns países da Europa e EEUU”, explicou o médico.
Segundo Neilton, o Reino Unido, Israel já fecharam fronteiras para viajantes oriundos desses 6 países africanos e outros países devem fazer isso também, inclusive no Brasil a Anvisa, Conass e Conasems já recomendaram isso, e com urgência. Os países são: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
O médico ainda destaca que a Organização Mundial da Saúde (OMS) vai convocar uma assembléia mundial de emergência. “Se já tínhamos que nos preocupar e manter medidas sérias, pois a pandemia não acabou, agora devemos mais ainda nos organizarmos, agilizar vacinação e, principalmente, acentuar medidas de vigilância e prevenção”, afirmou o membro do CNS.
Recomendação da Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica nessa sexta-feira, 27, recomendando que o governo brasileiro adote medidas de restrições para voos e viajantes vindos de parte da África.
A Anvisa informa, contudo, que a efetivação das medidas sugeridas depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O que se sabe sobre a B.1.1.529
A B.1.1.529 carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam. Ainda é estudado o quão transmissível ou perigosa é a variante — e seu efeito sobre as vacinas já desenvolvidas