Avião busca identificar áreas com potencial de exploração mineral, incluindo minerais estratégicos voltados à transição energética, como as terras raras.

Foto: Igo Estrela/SGB
Avião busca identificar áreas com potencial de exploração mineral, incluindo minerais estratégicos voltados à transição energética, como as terras raras. Foto: Igo Estrela/SGB

Uma aeronave equipada com sensores de última geração começou a sobrevoar municípios das regiões central e sudeste do Tocantins para realizar um mapeamento inédito do subsolo. A operação integra o Projeto Aerogeofísico Sudeste do Tocantins, executado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), e busca identificar áreas com potencial de exploração mineral, incluindo minerais estratégicos voltados à transição energética, como as terras raras.

A iniciativa marca o início de uma nova etapa na produção de dados geocientíficos no país, dez anos após a conclusão da última geração de levantamentos aerogeofísicos. O trabalho, financiado pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), envolve um investimento de cerca de R$ 10,5 milhões e representa um salto tecnológico na capacidade de investigação subterrânea do território nacional.

Conforme a diretora-presidente interina do SGB, Sabrina Góis, o projeto simboliza um marco para a instituição e para o setor mineral brasileiro. “Nosso compromisso é gerar conhecimento científico de alta qualidade e apoiar o desenvolvimento econômico sustentável do país”, afirmou.

O levantamento está sendo executado pela empresa LASA Prospecções S.A. (Xcalibur Smart Mapping), contratada via licitação. A área mapeada abrangerá aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados e incluirá municípios como Ponte Alta do Tocantins, Almas, Dianópolis, Natividade, Taguatinga, Arraias e Paranã.

Terceira geração de levantamentos e salto tecnológico

Segundo o geólogo da Agência de Mineração do Tocantins (Ameto), Sanclever Freire Peixoto, a pesquisa simboliza um avanço tecnológico expressivo nas técnicas de prospecção mineral. As medições serão usadas principalmente para identificar depósitos de cobre, ouro, ferro, manganês, zinco, prata, níquel e elementos de terras raras considerados fundamentais para a expansão da economia verde e a transição energética global.

Os dados coletados também terão aplicações em áreas como agricultura de precisão, gestão ambiental e planejamento urbano e territorial. “Os levantamentos aerogeofísicos têm um custo-benefício elevado, pois permitem investigar o subsolo de forma rápida, detalhada e sem impactos diretos”, pontuou Peixoto.

Essa fase é considerada a terceira geração de levantamentos realizados pelo Brasil, que já cobriram mais da metade do país entre 1971 e 2015. Com as novas tecnologias de ultra-resolução empregadas agora, o país passa a operar em nível comparável a potências da mineração, como Canadá e Austrália.

O diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, Valdir Silveira, explica que o Tocantins foi escolhido por seu alto potencial geológico e por integrar uma nova fronteira mineral nacional. “Vivemos um momento em que o Brasil volta a ganhar destaque internacional pela qualidade de seus recursos minerais e pela importância que eles têm na transição energética e na segurança alimentar”, observou.

Como o mapeamento é feito

As aeronaves utilizadas no levantamento voam a cerca de 100 metros de altitude. Na cauda, transportam sensores que medem simultaneamente o campo magnético, a radiação natural e variações gravitacionais da Terra, técnicas conhecidas como magnetometria, gamaespectrometria e gravimetria strapdown.

Essas medições produzem imagens detalhadas, comparáveis a uma “fotografia do subsolo”, capazes de revelar estruturas geológicas ocultas e indícios de depósitos minerais. De acordo com Iago Costa, chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica do SGB, a metodologia evita perfurações e fornece informações que vão desde poucos centímetros até centenas de quilômetros de profundidade.

As linhas de voo seguem intervalos de 250 metros, garantindo precisão sem precedentes. O sobrevoo das aeronaves deve ocorrer de forma contínua até o fim de 2025, podendo ser observado frequentemente nas cidades mapeadas.

Expectativas e impacto regional

Os primeiros resultados do levantamento devem estar disponíveis a partir do primeiro semestre de 2026. A expectativa é que as informações estimulem novos investimentos, fortaleçam a economia local e criem oportunidades em municípios com potencial de mineração.

Também deverá haver impacto positivo em outras áreas, como o ordenamento urbano e o uso sustentável do solo. “A ciência geofísica tem papel central no planejamento ambiental e territorial. Este projeto vai fornecer conhecimento essencial para o desenvolvimento sustentável do Tocantins”, completou Peixoto.

Os municípios contemplados são: Almas, Arraias, Aurora do Tocantins, Chapada da Natividade, Combinado, Conceição do Tocantins, Dianópolis, Lavandeira, Natividade, Novo Alegre, Novo Jardim, Paranã, Pindorama do Tocantins, Ponte Alta do Bom Jesus, Ponte Alta do Tocantins, Porto Alegre do Tocantins, São Valério, Silvanópolis, Taguatinga e Taipas do Tocantins.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins