Temos boas notícias para os futuros colonizadores lunares! Cientistas descobriram traços de moganita em um meteorito lunar descoberto há 13 anos na África. Esse mineral precisa de água para se formar, então sua descoberta está sendo vista como uma possível confirmação de que existe água congelada abaixo da superfície empoeirada da Lua.
Embora flutue provocante no céu acima de nós quase todas as noites, a Lua segue sendo cheia de segredos. Um antigo mistério lunar diz respeito à presença ou não de água congelada em nosso satélite natural. Seria bom descobrir isso, em nome de nosso conhecimento científico, mas também para quaisquer planos futuros de colonizar a Lua que venhamos a ter. Se formos sobreviver na superfície lunar por um período extenso, precisaremos de água.
Entretanto, encontrar evidências de água na Lua se provou difícil. As amostras lunares trazidas de missões da Apollo eram bastantes secas, sem nenhum traço de água. Mais recentemente, umsensoriamento remoto indicou a possibilidade de existir água, mas existem pouquíssimas evidências físicas para provar que existe H2O congelada debaixo da superfície empoeirada da Lua, ou regolito. Quando se trata de água na Lua, não temos certeza do quanto dela existe ou de sua composição atual.
A ironia disso tudo, no entanto, é que evidências de água lunar podem de fato existir aqui mesmo na Terra, na forma de moganita presa dentro de meteoritos lunares. Conforme um novo estudopublicado nesta quarta-feira (3) na Science Advances aponta, a moganita só pode se formar na presença de água, então a presença de H2O congelada no regolito da Lua agora é uma possibilidade distinta.
Parece estranho, mas pedaços de nossa Lua estão espalhados em nosso planeta, como resultado de grandes objetos celestiais colidindo com a superfície lunar. Até hoje, mais de 300 meteoritos lunares foram coletados na Terra. Cientistas descobriram uma coleção de meteoritos no Saara Ocidental na década passada, alguns dos quais foram comprados de nômades e comerciantes, e outros, resultado de buscas geológicas.
Recentemente, uma equipe liderada por Masahiro Kayama, da Universidade Tohoku em Sendai, no Japão, examinou mais detalhadamente esses meteoritos do noroeste africano, incluindo uma amostra conhecida como NWA2727. Diferentemente de outros meteoritos lunares que viraram amostras, o NWA2727 continha um mineral conhecido como moganita. Essa forma de dióxido de silício só foi descoberta em 1976 e existe como estruturas semelhantes a cristais, dentro de rachaduras e vãos de fratura de rochas. E é importante apontar que ela existe dentro de rochas como consequência de brecciação — um processo químico que exige a presença de água.
A equipe de Kayama suspeita que a água chegou à Lua por meio de asteroides e cometas com água há cerca de três bilhões de anos e que, por um breve período, existiu água líquida na superfície lunar. O fluido uma hora se infiltrou abaixo da superfície e resfriou, ficando preso dentro da rocha lunar. Mais tarde, um asteroide ou cometa atingiu a superfície da Lua, arremessando ao espaço as rochas cheias de moganita. Algumas dessas rochas então caíram na Terra como meteoritos.
É importante ressaltar que os pesquisadores dizem que a moganita não se formou na superfície da Terra como resultado de intemperismo terrestre, dizendo que as condições de brecciação não estavam presentes nas condições secas do deserto. Dito isso, a equipe de Kayama afirmou que mais evidências para a origem lunar da moganita ainda são necessárias. Para isso, eles estão pedindo missões lunares futuras para buscar amostras semelhantes de rocha lunar para provar que a moganita já foi capaz de se formar na Lua.
“Esta é uma clara detecção de gelo de água para uma amostra de superfície da Lua. O fato de que essa água estava perto o suficiente da superfície para interagir com os minerais lunares nos diz algo sobre a volátil história da Lua e, por associação, do resto do Sistema Solar”, disse Noah Petro, um geólogo lunar da NASA, em entrevista ao Gizmodo.
Petro, que não esteve envolvido no novo estudo, diz que a descoberta é uma grande surpresa, que demonstra a importância de olhar para as amostras lunares existentes com novos olhos.
“Também destaca a necessidade de estudar amostras coletadas pela Apollo com técnicas analíticas modernas”, acrescentou. “Há amostras da Apollo que nunca foram estudadas, e está na hora de analisá-las.” É importante reexaminar as amostras da Apollo, diz ele, para verificar essa afirmação dos autores de que a moganita não está incorporada à coleção da Apollo. “Isso também mostra que temos uma compreensão limitada sobre a Lua, baseada apenas em amostras de Apollo e Luna. Está na hora de obter mais amostras da Lua”, disse Petro.
Como observado, esta é uma boa notícia para aspirantes a colonos, mas ainda há muitas perguntas sem resposta. Ainda não sabemos quanto gelo de água pode existir abaixo da superfície lunar ou onde ele pode estar localizado. Além disso, não está totalmente claro como futuros colonos podem extrair esse líquido precioso ou se seria seguro bebê-lo. Porém, essa pesquisa mais recente é inegavelmente encorajadora e um sinal potencial de que os exploradores lunares não ficarão com sede.
Por: George Dvorsky, do GizModo