Brasília, 09 de março, calendário definido, candidatos se organizando para disputar o voto do eleitor e surge a pergunta mais importante na corrida eleitoral: quanto custa ganhar uma eleição?
Um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), que acaba de ser publicado, ajuda a responder essa pergunta e revela como os vencedores utilizaram os recursos. Elaborado com informações da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às prestações de contas dos candidatos que disputaram a eleição de 2018, a pesquisa mostra o custo médio das campanhas vitoriosas ao Governo, Senado, Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa em todo o país.
No Tocantins, para vencer a disputa ao Governo do estado é preciso desembolsar pelo menos R$ 5,2 milhões. Já a média de gastos para quem deseja uma das duas vagas ao Senado é de R$ 1,9 milhão. Para a Câmara dos Deputados, a média é de R$ 1,6 milhão e para a Assembléia Legislativa, R$ 474 mil Todos os valores foram corrigidos pela inflação acumulada no período (IPCA acumulado de outubro de 2018 a janeiro de 2022).
“É claro que cada campanha tem um custo, um perfil e depende de vários fatores como, por exemplo, o nível de conhecimento e desgaste do candidato pelo eleitorado, a região onde ele está, mas o estudo ajuda a entender o tamanho do investimento financeiro necessário para quem deseja entrar nessa disputa”, explica Max Stabile, diretor do IBPAD. “E o ideal é que o candidato saiba a melhor forma de usar os recursos que tem para obter o resultado desejado que é se eleger”.
A pesquisa, disponível na íntegra e de forma gratuita aqui, baseou o levantamento na análise da informação das 1652 pessoas que venceram as eleições de 2018. Além da média, a pesquisa mostra o investimento mínimo e o investimento máximo necessários para vencer uma eleição em cada um dos cargos. O valor médio das campanhas foi corrigido pelo índice de inflação do período e além de trazer as informações por estados, também apresenta a média de gastos nacional e por região.
Para se ter uma idéia, a média nacional de gastos de uma campanha vitoriosa ao Governo do Estado foi de R$ 6,8 milhões. Para o Senado, o custo médio foi de R$ 2,1 milhões, para a Câmara dos Deputados, R$ 1,3 milhão e para Assembléia Legislativa, R$ 373 mil.
A pesquisa também detalha como foram gastos os recursos e as informações dão um panorama interessante dos investimentos: a produção de rádio e televisão é o que consome o maior percentual de recursos das campanhas ao Governo (29,8%) e do Senado (22,09%). Mas quando olhamos para as campanhas à Câmara e à Assembléia Legislativa, o maior de volume de recursos é colocado em publicidade por material impresso: 22,09% e 21,56%, respectivamente.
Na era da internet, o estudo revela que os concorrentes aos diferentes cargos ainda investem menos de 5% dos recursos totais nessa área: candidatos ao governo usam em média 3,18% com impulsionamento de conteúdos na web. Concorrentes ao Senado, 3,18%, à Câmara, 2,10% e à Assembléia Legislativa, 1,95%. Tudo indica que os investimentos em campanhas digitais devem subir, assim como os investimentos em pesquisas, que começam a ser vistas como ferramentas importantes para uma campanha mais assertiva.
“Para alcançar o sucesso em uma eleição, é fundamental compreender a realidade, a dinâmica do eleitorado e como conquistá-lo. Há algumas ferramentas que facilitam esse caminho”, explica Max Stabile. “Sabendo quanto custa uma campanha vitoriosa e quais são essas ferramentas, o candidato consegue fazer um planejamento adequado, com gastos direcionados a ferramentas que podem melhorar o seu desempenho nas urnas”.
Raio-x dos estados
E quanto custa ganhar a eleição em cada estado? A pesquisa do IBPAD traz informações detalhadas de cada unidade da federal. Dependendo da região ou estado em que o concorrente está, se vai disputar a reeleição ou não, o custo de uma campanha vitoriosa pode variar muito. O estudo mostra que no Espírito Santo, onde houve a menor média de gastos de um vencedor, o investimento foi de R$ 154 mil. A disputa pela mesma vaga em São Paulo, onde houve a maior média, custou quase 3,5 vezes a mais, um investimento de R$ 537 mil para quem se elegeu.
Já quem sonha com uma das 513 vagas da Câmara dos Deputados será necessário gastar em média R$ 1,3 milhão. Mas quando fazemos a comparação por estados, novamente há variações. Quem conquistou uma das cadeiras da bancada do Rio de Janeiro, o estado com a menor média de gastos, investiu R$ 914 mil. Mas para ser dono de um dos mandatos de deputado federal por Goiás, o estado com a maior média, o investimento foi quase duas vezes maior, de R$ 1,6 milhão.
“O estudo traz dados relevantes que contribuem para a compreensão dos desafios financeiros de uma campanha eleitoral em cada estado. Uma coisa é certa: quanto maior a profissionalização das campanhas, maior a chance de obter bons resultados e fazer valer o investimento”, conclui Max Stabile.
Fonte: Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados – IBPAD