Parte de uma das paredes (talude norte) da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, se desprendeu nesta sexta-feira (31). A Barragem Sul Superior, a 1,5 km da mina, não foi afetada, segundo a Vale.

“A Vale informa que identificou ao longo da madrugada desta sexta-feira, 31/5, o desprendimento de fragmentos do talude norte da cava da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). Esses blocos se acomodaram no fundo da cava. As primeiras avaliações indicam que o material está deslizando de forma gradual, o que até o momento corrobora as estimativas de que o desprendimento do talude deverá ocorrer sem maiores consequências”, diz a nota da mineradora (veja a nota da Vale na íntegra no final da reportagem).

A princípio, a mineradora, Defesa Civil e Agência Nacional de Mineração temiam que a constante movimentação do talude provocaria a sua queda de forma brusca. Em um cenário mais grave, a vibração do colapso poderia causar o rompimento da Barragem Sul Superior.

De acordo com o tenente-coronel, Flávio Godinho, da Defesa Civil, desprendimento de parte da parede aconteceu por volta das 5h. O local continua sendo monitorado.

Cerca de 500 moradores da área mais próxima da mina, chamada de zona de autossalvamento, já estavam fora de casa desde fevereiro. As mais de 6 mil pessoas que vivem na zona secundária de segurança, a cerca de 15 km do talude, só devem deixar suas casas se a barragem se romper.

Saiba quais são os riscos em caso de rompimento do talude da Mina Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais — Foto:  Roberta Jaworski/G1

Saiba quais são os riscos em caso de rompimento do talude da Mina Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais — Foto: Roberta Jaworski/G1

O volume da Sul Superior é de cerca de 6 milhões de m³, quase a metade da Barragem do Córrego do Feijão que se rompeu em Brumadinho no dia 25 de janeiro e matou 245 pessoas. A lama de rejeitos da barragem em Barão de Cocais demoraria 1h12 para chegar até a zona secundária.

A população da cidade fez dois simulados de emergência. Em caso de queda da barragem, alarmes serão disparados e carros de som vão orientar as pessoas a sair de casa. Nesta hipótese, de acordo com a Defesa Civil, moradores devem seguir para pontos de encontro determinados (veja no mapa).

Imagem feita pelo Globocop na manhã desta sexta-feira (31) mostra paredão em mina da Vale — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagem feita pelo Globocop na manhã desta sexta-feira (31) mostra paredão em mina da Vale — Foto: Reprodução/TV Globo

Veja áreas que podem ser atingidas e onde população pode se refugiar em caso de rompimento de barragem em Barão de Cocais — Foto: Arte: Juliane Monteiro e Diana Yukari/G1

Veja áreas que podem ser atingidas e onde população pode se refugiar em caso de rompimento de barragem em Barão de Cocais — Foto: Arte: Juliane Monteiro e Diana Yukari/G1

Movimentação do talude

O paredão se formou à medida que Mina do Gongo Soco foi sendo escavada para retirada de minério de ferro. Nesta semana, o talude norte estava se movimentando de 24 a 29 cm por dia. Quando estava estável, ele se movimentava cerca de 10 cm por ano, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM).

Em um documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais(MPMG) pela Vale, a engenheira geotécnica Rafaela Baldi explicou por que isso estava acontecendo. “É comum que parte do talude que fica mais no alto se desprenda. O talude está ‘pelado’, foi escavado e está solto, lá em cima. Com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando.” A engenheira também falou sobre a possibilidade de haver um problema geológico na área.

Segundo a Vale, a Mina de Gongo Soco está paralisada desde 2016, e a Barragem Sul Superior está entre as dez que a empresa pretende eliminar. Ela foi construída pelo método de “alteamento a montante”. Considerado ultrapassado e menos seguro do que outras alternativas existentes, é o mesmo método usado na construção de barragens que se romperam em Brumadinho (2019) e Mariana (2015).

A mineradora falou, em fevereiro deste ano, sobre os riscos para a barragem com a queda do talude da mina. Segundo a empresa, as vibrações no solo poderiam causar o rompimento da estrutura que contém os rejeitos de mineração. E um mar de lama poderia se espalhar por uma parte de Barão de Cocais. Seria a terceira tragédia ambiental envolvendo barragens no Brasil em menos de quatro anos.

Obras para conter rejeitos

A Vale informou que começou no dia 16 de maio a terraplenagem para a construção de uma contenção de concreto a 6 km abaixo da Sul Superior. O objetivo da estrutura é reter grande parte do volume de rejeitos caso a barragem se rompa.

Além disso, a mineradora está instalando telas metálicas e posicionando blocos de granito para reforçar esta barreira física contra um possível vazamento da barragem.

Veja a nota da Vale na íntegra:

A Vale informa que identificou ao longo da madrugada desta sexta-feira, 31/5, o desprendimento de fragmentos do talude norte da cava da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG). Esses blocos se acomodaram no fundo da cava. As primeiras avaliações indicam que o material está deslizando de forma gradual, o que até o momento corrobora as estimativas de que o desprendimento do talude deverá ocorrer sem maiores consequências.

A cava e a barragem Sul Superior, que fica a 1,5 km da mina, seguem com monitoramento 24 horas por dia de forma remota, com o uso de radar e estação robótica capazes de detectar movimentações milimétricas, além de sobrevoos com drone. A barragem está em nível 3 desde 22 de março e a Zona de Autossalvamento (ZAS) já havia sido evacuada preventivamente em 8 de fevereiro.

A Vale reitera que manterá a comunidade de Barão de Cocais informada da situação.

Fonte: Globo.com

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