O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve ser notificado nesta segunda-feira (08) pelo Tribunal de Contas da União, TCU, para prestar esclarecimento sobre a possível investigação em curso no Conselho de Controle de Atividades Financeiras, Coaf, contra o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept. A partir do momento em que for notificado, Guedes e o presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira Lima, terão 24 horas para responder.

A decisão foi tomada pelo ministro do TCU Bruno Dantas na última sexta-feira e logo repercutiu na imprensa. Porém, nesse domingo (07), por meio de nota, o Ministério da Economia informou que Paulo Guedes ainda não tinha sido oficialmente comunicado da decisão e dos prazos.

O ministro Bruno Dantas é responsável no Tribunal de Contas por fazer a fiscalização do Coaf no biênio 2018-2019. Ele atendeu ao pedido do Ministério Público de Contas, que solicitou a abertura de investigação para apurar a suspeita de desvio de finalidade do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.  O Subprocurador-Geral do Ministério Público de Contas (MP/TCU), Lucas Rocha Furtado, argumentou no pedido que o Coaf estaria investigando as movimentações financeiras de Glenn Greenwald conforme demanda da Polícia Federal. O objetivo seria verificar qualquer movimentação atípica que pudesse estar relacionada à invasão dos celulares do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e dos procuradores da força tarefa da Operação Lava no Ministério Público em Curitiba.

“São deveras graves as questões colocadas pelo douto Subprocurador-Geral. Se confirmados os apontamentos por ele noticiados, estaremos diante de um quadro gravíssimo de manipulação do aparelho repressor do estado contra jornalistas que divulgam informações que trazem incômodo aos membros do governo”, adiantou o ministro do TCU.

Desde o dia 9 de junho, o site The Intercept tem divulgado reportagens com bases em diálogos privados de Moro e os procuradores da Lava Jato obtidos por hackers. Segundo o site, o material foi enviado para os jornalistas de forma anônima. O conteúdo coloca em questão a imparcialidade de Moro enquanto magistrado. As reportagens sugerem que o ministro atuou como chefe da acusação, indicando ações e testemunhas para os procuradores do MPF. Sérgio Moro já compareceu à Câmara e ao Senado para explicar os diálogos que tinham por aplicativos de mensagens instantâneas com Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato. O ministro se defende levantando a suspeita de que as mensagens podem ter sido adulteradas e forjadas, mas também afirma que não há irregularidades na conduta demonstrada pelas reportagens.

Fonte: Congresso em Foco

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