Ana Negreiros – Gazeta do Cerrado
Quem tem, põe. Quem não tem, tira. Para muitos, uma frase simples. Mas para um grupo de amigos de Palmas, o caminho para despertar a solidariedade. “Queremos criar uma corrente, juntar pessoas, para fazer o bem”, conta Matheus Ribeiro, articulador e idealizador do movimento EuTuNós que já realizou três edições na capital e arrecadou cerca de 1.400 quilos de alimentos que beneficiaram mais de 100 famílias.
Usando as redes sociais, Matheus Ribeiro e a jornalista Fabíola Sélis posicionaram o movimento e convidaram as pessoas para serem parte. A cada edição, um local diferente foi escolhido para expor as caixas de coleta e assim, cada pessoa doar ou recebe a ajuda. A primeira aconteceu na rotatória principal do Aureny III, depois, próximo à Polícia Federal e a última, em dois pontos, no Aureny III e em frente a Igreja Católica de Taquaralto. Mas como toda boa ideia é para multiplicar, Matheus já comemora que o movimento ganhou adeptos em outras cidades e até mesmo, em outros estados. “Gurupi, Dianópolis e até no Pará já teve ações como esta e eu me sinto grato por ter essa força, união, de olhar para o próximo, de ver as pessoas se juntando para fazer uma ação de ajudar o outro. E eu garanto, faz mais bem para quem está doando. É emocionante”, revela.
Exemplo de atitude certa, o EuTuNós nasceu em um bate-papo entre amigos, uma roda virtual para reduzir a distância e veio a dúvida: “o que podemos fazer para melhorar?”. Hoje, são seis voluntários em Palmas, mas há espaço para mais pessoas que queiram integrar a rede. “Queremos multiplicar a ideia, porque este é um movimento de amor, solidariedade e quanto mais replicarem, melhor para todos”.
Fazer sorrir
Voluntária, a dona Marly Pereira da Cruz Soares conta que entrou no movimento em busca de “fazer alguém sorrir”. Ela lembra que este momento que todos estão passando, com muitos perdendo seus empregos, há “muita dor e dificuldade, por isso precisamos nos unir para fazer o bem ao outro e assim aliviar um pouco do sofrimento. A hora é de ajudar ao próximo”.
Para Marly, ações solidárias são importantes para todos. Afinal, “quem tem o coração tocado para doar e quem recebe a doação, são beneficiados e sentem gratidão”, destaca. Assim como ela, Matheus, Fabíola, são exemplos de pessoas que nessa quarentena tiraram um tempo da sua rotina para fazer o bem ao outro.
Matheus conta que mesmo cansado da semana corrida do trabalho, ele gosta de poder separar algumas horas para promover a solidariedade. “Eu sei que a minha ajuda vai gerar a diferença na vida de alguém. Faço isso porque o sorriso das pessoas me faz bem. Eu gosto de me colocar no lugar do próximo e poder contribuir para mudar sua realidade”.
Solidariedade
Solidariedade é uma palavra que Matheus conhece desde a infância. Como ele diz, “sou filho de doações”. É que o Matheus e sua família tiveram sérios problemas financeiros quando ele era criança e precisou de doações para se manterem. “Só uma mãe sabe a dor da falta do alimento para um filho. Tem muita gente que não tem nada para comer, que está precisando nesta pandemia e eu lembro o quanto um dia já precisei. Vivíamos de doações e estou em pé, trabalhando, porque alguém ajudou minha família. Sou grato por ter recebido essa ajuda e hoje, que estou empregado, quero poder contribuir com quem precisa”.
Gostou da iniciativa do EuTuNós? Você também pode contribuir, seja doando alimentos ou sendo voluntário. Para isso, entre em contato pelo telefone (63) 99251-7520. Os voluntários do movimento irão explicar como contribuir e ainda, de acordo com o Matheus, passar uma pandemia fazendo o bem.
“Existem vários jeitos de ajudar. As vezes com uma ligação para alguém que está só, ou com uma mensagem e quem pode, doando o que tem para quem está sem. O sentimento que fica é de ter vivido este momento com gratidão, fazendo o bem pelas pessoas e isso é realizador. Aprendemos a sermos humanos de verdade, companheiros. Eu até passo óleo de peroba na cara para ajudar os outros e depois, durmo bem”.