No último dia 14 de outubro o Ministério Público Federal fez um novo pedido de liminar sobre o processo de concessão do parque estadual do jalapão. “O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer seja novamente apreciado o pedido de concessão de tutela antecipada para suspender todo o processo de concessão até que seja determinada a realização de consulta prévia, com protocolo a ser debatido e construído previamente junto com as comunidades envolvidas”, manifestou o procurador Dr. Manzano nos autos.

A Gazeta teve acesso à petição.

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) encaminhou material á Gazeta hoje no qual alega que há  arbitrariedade no  processo de concessão do Parque Estadual do Jalapão.

“Seguindo a política nacional de privatização de bens públicos, o Estado do Tocantins avança no processo de concessão e viola o direito das Comunidades quilombolas de serem consultadas de forma livre prévia e informada, prevista na Convenção 169 da OIT. Audiências públicas sobre a concessão serão realizadas sem tempo hábil para as comunidades avaliarem os documentos do estudo de viabilidade da concessão”, afirma a COEQTO.

 

“É um documento muito técnico e o prazo entre a publicação e a data de realização das audiências é de menos de uma semana. Não tem como as comunidades ler e assimilar todo o conteúdo para que haja debate nas audiências”, avalia o assessor Jurídico da COEQTO, Cristian Ribas (foto).

 

Entre as linhas do documento do Estudo, a lideranças destacam com preocupação a seguinte colocação:

 

Anexo I. 5.1.3.A ÁREA DA CONCESSÃO poderá ser expandida, de modo a abranger novas áreas do PARQUE  que  permitam  uso  público  e  não  prejudiquem  POVOS  E  COMUNIDADES TRADICIONAIS,  mediante  pedido  formal  da  CONCESSIONÁRIA,  do  qual  deverá constar demonstração das atividades que se pretende desenvolver, SERVIÇOS que se pretende  prestar,  sua  inequívoca  aderência  às  normas  e  restrições  estabelecidas  no PLANO  DE  MANEJO  vigente  e  a  inequívoca  ausência  de  prejuízo  aos  POVOS  E COMUNIDADES  TRADICIONAIS, sempre observada  a manutenção  do  equilíbrio econômico-financeiro.

 

“É uma tentativa de enganar o povo. Eles vão apresentar uma área no primeiro momento, para conseguir aprovação, e depois vão expandir para dentro das áreas quilombolas onde estão os atrativos que lucram mais”, avalia o assessor de projetos da COEQTO, Paulo Rogério.

No último dia 14, o Ministério Público Federal emitiu outra liminar sobre o processo de concessão. “O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer que seja novamente apreciado o pedido de concessão de tutela antecipada para suspender todo o processo de concessão até que seja determinada a realização de consulta prévia, com protocolo a ser debatido e construído previamente junto com as comunidades envolvidas”, manifestou o procurador Dr. Manzano.

No documento o MPF destaca ainda que as audiências públicas não substituem a Consulta livre, prévia e informada. “Vale dizer, o processo de consulta às comunidades tradicionais não se confunde com a realização de audiências públicas.” ressalta o procurador Federal Leandro Manzano em liminar publicada no último dia 14.

 

O avanço do processo de concessão sem garantias do direito ao acesso pleno aos territórios para os povos quilombolas é uma ameaça às comunidades tradicionais. “Pelo que já se ouve sobre o documento, vai ser ruim para todas as comunidades”, aponta Joaquim Neto, presidente da ASCOLOMBOLAS Rios, ao se referir ao estudo publicado, no último dia 15.

 

 

Caso o encaminhamento do Ministério Público Federal não seja acatado, o movimento quilombola vai realizar protestos solicitando diálogo com o Governo nos termos da Convenção 169 da OIT e a demarcação e titulação dos territórios quilombolas do Jalapão.

Mobilização em Mateiros dia 21/10 – 08h – em frente ao CAT

Mobilização em Palmas 22/10 – 14h em frente ao palácio

 

O que diz o BNDES

Em várias coletivas, o governo do Tocantins e o BNDES afirmam que não haverá nenhum impacto negativo para as comunidades quilombolas e que as áreas dos quilombos não estão inclusas na concessão. A Gazeta sempre fez essa pergunta nas coletivas e a resposta é sempre a mesma.

 

A Gazeta segue acompanhando o assunto e os fatos.