As questões do exame seriam divididas em duas etapas: a primeira interdisciplinar, igual e obrigatória para todos. A segunda com provas de quatro áreas, em que o candidato selecionaria apenas uma delas para fazer:
- Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e
- Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Como é hoje: atualmente, a prova é igual para todo mundo e cobra todas as áreas do conhecimento (ciências humanas; ciências da natureza; linguagens e matemática), além de uma redação.
4 – Qual o impacto na preparação dos alunos do Novo Ensino Médio?
A turma de estudantes que fará o Enem no ano que vem será a primeira que terá feito os três anos do ensino médio seguindo as novas diretrizes.
Se o Enem ocorrer no formato tradicional, os alunos poderão ser cobrados por conteúdos que não necessariamente foram tratados na escola, ou que até foram objeto de aula, mas sobre os quais não se aprofundaram por causa da redução da carga horária das matérias “convencionais”.
5 – Como é o currículo do Novo Ensino Médio?
O Novo Ensino Médio prevê o aumento progressivo da carga horária total, que deverá chegar a 3 mil horas ao final dos três anos, com a seguinte divisão no conteúdo:
- 1,8 mil horas de ciências da natureza, ciências humanas, linguagens e matemática – para todos os alunos.
- 1,2 mil horas de conteúdos eletivos focados nos objetivos pessoais e profissionais dos alunos.
6 – Como o Novo Ensino Médio pode impactar no desempenho no Enem tradicional?
Algumas das críticas apontadas por especialistas estão:
- O programa atravessa diferentes níveis de implementação, variando de estado para estado.
- As disciplinas clássicas têm menos prioridade na grade com a entrada das novas ofertas. Em alguns casos, estudantes relatam ter ficado com apenas duas aulas na semana de português e matemática.
7 – As redes de ensino vão oferecer reforço aos alunos?
Ainda não há nada definido.
O presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Bruno Eizerik, criticou a suspensão do calendário por entender que pode trazer prejuízos aos alunos e às instituições. Ele não detalhou, porém, se haverá a orientação para oferecer algum reforço aos estudantes.
Amábile Pacios, diretora do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, lembra que não se sabe o que estava previsto para o Exame Nacional do Ensino Médio de 2024, já que o Inep não divulgou a matriz para o novo modelo. Para ela, qualquer reorganização das escolas além do modelo clássico do exame só seria possível após conhecerem a matriz do exame.
“Uma forma de não prejudicar o aluno seria manter o Enem centrado naquilo que é a base comum, a BNCC. Então, o Enem não deveria sair desse quadrado da base comum que [no novo ensino médio] tem 1800 horas. Qualquer coisa além disso vai trazer muita insegurança, incerteza e desinteresse dos alunos pelo Enem”.
8 – O que dizem as entidades sobre a suspensão?
UNE: A União Nacional dos Estudantes se mostra a favor da suspensão da implementação do Novo Ensino Médio.
Campanha Nacional pelo Direito à Educação: Para o professor Daniel Cara, dirigente da entidade, “é extremamente positiva a suspensão”. Ele defende que a definição sobre o Enem 2024 leve em conta o que for discutido na consulta pública em andamento. Crítico ao Novo Ensino Médio, ele considera a reforma “uma violência” contra os alunos da rede pública, porque as escolas não conseguem oferecer todos os itinerários formativos, obrigando o estudante a fazer o que tiver disponível.
Todos Pela Educação: Para Gabriel Côrrea, diretor de políticas públicas, “suspender o cronograma sem anunciar qual vai ser o novo cronograma pode gerar ainda mais confusão entre os estados, porque pode acontecer de alguns estados continuarem fazendo o que já estão fazendo– porque as normativas, a lei, as diretrizes curriculares do novo ensino médio seguem em vigor –, mas podem ter estados que decidam voltar atrás em algumas etapas”.