
A notícia da morte do professor de História Carlos Eduardo Meira Batista, o Cadu, de apenas 29 anos, abalou colegas, amigos e alunos em Recursolândia. Natural de Brumado (BA), Cadu faleceu no domingo, 31, vítima de um infarto. Menos de 24 horas depois, seu nome apareceu no Diário Oficial do Tocantins nº 6.889, publicado nesta segunda-feira, 1º, como removido para Pedro Afonso — cidade para onde ele sonhava se mudar.
Para quem o acompanhava de perto, a publicação soou como um golpe duplo: a conquista pelo qual ele tanto lutou só foi reconhecida depois de sua partida. “É cruel ver o nome dele ali, quando sabemos o quanto ele esperava por isso”, lamentou uma colega de profissão.
Amigos relatam que Cadu havia protocolado ao menos três pedidos de remoção, sempre embasados em laudos médicos. O primeiro foi negado por conta do estágio probatório. O segundo, aprovado, seria oficializado justamente na edição do Diário Oficial desta segunda-feira — mas chegou tarde demais.
A luta pela remoção vinha acompanhada de outro desafio: resistir às hostilidades no ambiente escolar. Relatos apontam que ele foi alvo de bullying, chegando a ter pedras enroladas em papel atiradas contra si enquanto escrevia no quadro. Alunos também faziam comentários cruéis sobre seu peso e sua condição ocular. A pressão afetou sua saúde mental e o levou a iniciar tratamento com medicamentos controlados.
Quem convivia com o professor lembra dele como um homem dedicado, que acreditava na educação como ferramenta de transformação social. “Ele era firme em sala, mas sonhava em estar em um lugar onde pudesse viver com mais tranquilidade, cuidar da saúde e ficar mais perto de quem amava”, disse um amigo próximo.
A publicação da remoção após sua morte foi considerada insensível por pessoas próximas. “É como se o Estado tivesse reconhecido a luta dele, mas só depois que não havia mais tempo”, desabafou outro colega.
O que dizem Seduc e escola
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que o ato de remoção foi enviado ao Diário Oficial na sexta-feira (29), antes do falecimento, e que o resultado ainda era preliminar. Em nota, lamentou a morte do professor, manifestou solidariedade e informou que a família terá direito ao auxílio funeral.
Já a direção da Escola Estadual Recurso I, onde ele trabalhava desde 2024, afirmou que os episódios de hostilidade foram “pontuais” e que, quando chegaram à gestão, foram “prontamente apurados e solucionados”. A instituição disse ainda que chegou a remanejá-lo para uma função de coordenador pedagógico de área, reduzindo a carga em sala de aula, numa tentativa de preservar sua saúde.
Despedida
O corpo de Cadu foi levado para sua cidade natal, em Brumado (BA). Familiares e amigos se uniram em uma campanha para arrecadar recursos para o translado, velório e enterro. Ele deixa um filho.