
Um grupo formado por quatro crianças tem chamado a atenção e arrancado sorrisos pelas ruas de Divinópolis, no centro-oeste do Tocantins. Inspirados pela famosa Carreta Furacão, os garotos deram vida à Carreta da Alegria de Gancho City — nome carinhoso que usam para se referir à cidade. Com criatividade, esforço e muito carisma, eles criaram suas próprias fantasias e uma estrutura improvisada com bicicleta e caixa de som, transformando as noites da cidade em momentos de diversão.
O grupo é formado por:
- João Gabriel Alves, 12 anos, que interpreta o personagem Fofão;
- Samuel Marinho, 12 anos, o Chaves;
- Enzo Gabriel Costa, 9 anos, que dá vida ao Mario;
- E Victor Batista Costa, 11 anos, que construiu a “carretinha” e atua como o motorista do grupo.
A ideia surgiu após as crianças assistirem, em abril de 2025, a uma apresentação da Carreta Furacão na cidade. Impactados com a performance, decidiram montar a própria versão. No início, as fantasias eram improvisadas com roupas de casa, como camisas largas, botinas e chapéus. Pouco tempo depois, a criatividade deles chegou ao conhecimento do prefeito de Divinópolis, Flávio Rodrigues, que se encantou com a iniciativa e presenteou o grupo com fantasias completas.
“A gente viu que era muito massa fazer essas coisas, alegrar as pessoas. Um dia, a gente estava fazendo a carretinha na casa do meu amigo e pensamos: ‘essa carreta parece com a Carreta Furacão, só não dá para levar pessoas’. Aí meu amigo falou para a gente fazer a Carreta Furacão. Nós começamos a participar e o povo gostou. Primeiro dia não foi fácil, algumas pessoas falaram que era ruim, outras que era bom. Agora a gente quer arrumar ela para levar crianças, para trazer mais alegria para a cidade”, contou João Gabriel, o Fofão da turma.
Estrutura feita com carrinho de lixo e esforço
Sem poder dirigir por serem menores de idade, a solução foi adaptar o projeto para o que chamam de “carretinha”, puxada por bicicleta. A estrutura foi desenvolvida por Victor Batista, irmão de Enzo, com materiais reaproveitados do lixo.
“Eu achei um carrinho no lixo. Toda vez que eu achava um carrinho, pegava para brincar. Aí eu virei ele e vi que dava para construir uma carretinha. Pensei: por que não construir uma carreta? Deu trabalho, demorou três horas para arrumar ela, fiz vários detalhes. Quando os meninos começaram a dançar, eu colocava a caixa de som na carretinha e ia com eles”, explicou Victor, orgulhoso da engenhoca que ajuda a animar as apresentações.
“A gente vai nos dias certos para o povo não enjoar”
As apresentações acontecem principalmente às quartas, sextas e domingos, sempre à noite. Os figurinos e os materiais são organizados na casa de João Gabriel, de onde o grupo parte para os shows pelas ruas da cidade.
“A gente não vai todos os dias, porque temos medo do povo enjoar”, explicou Samuel, com um raciocínio maduro para a idade.
O projeto rapidamente ganhou popularidade nas redes sociais. Vídeos com as performances da Carreta da Alegria já ultrapassaram 20 mil visualizações. O perfil do grupo é gerenciado por Diogo Guto, primo de João Gabriel. Segundo ele, o grupo chegou a se chamar Carreta Furacão de Gancho City, mas como o foco era mais infantil e local, decidiram mudar para Carreta da Alegria de Gancho City.

Apoio das famílias fortalece o sonho
A animação das crianças é sustentada por um forte apoio familiar. Pais e mães acompanham de perto o crescimento do projeto e apostam que a iniciativa é o começo de algo ainda maior na vida dos pequenos.
Lana Rays Alves, mãe de João Gabriel, se emociona ao falar sobre o filho:
“É muito difícil a gente ver crianças da idade deles fazendo isso. Resolveram dançar nas ruas para alegrar as pessoas. Eu apoio, dou conselho e incentivo. Isso é para o bem deles, para crescer na vida. Tudo começa pequeno, e depois Deus vai abençoando.”
Maria Divina Marinho, mãe de Samuel, lembra que no início achou tudo apenas uma brincadeira:
“Ele falou que o prefeito ia dar uma fantasia. Eu nem dei moral. Depois ele me chamou para ir na prefeitura e lá fez o pedido. Hoje estou muito feliz. O Samuel tem muitos sonhos, fala que vai me ajudar, que vai ganhar dinheiro. Isso é lindo de ver.”
Eliane Batista Costa, mãe de Enzo e Victor, diz que não esperava que a brincadeira tomasse tamanha proporção:
“Agora eles estão super animados. Eu não imaginava que fosse crescer tão rápido. Meu marido até comentou que podia viralizar com essas dancinhas — e é o que está acontecendo. Aqui não tem muita diversão para as crianças, então achei muito legal.”