Crise política: presidente de Câmara é destituído, vai à Justiça e acusa colegas de associação criminosa

A Câmara Municipal de Goiatins vive uma crise política sem precedentes, marcada por reviravoltas judiciais, denúncias de irregularidades e trocas de acusações entre vereadores. O centro da disputa é a presidência da Casa, que já mudou de comando por decisões políticas e judiciais em menos de uma semana.

Na última semana, durante uma sessão marcada por tensão, um grupo de vereadores liderado pelo vice-presidente Carlos Hamilton Aquino Lima (PDT), o “Biula”, destituiu o presidente César Oliveira da Silva (MDB).

A decisão foi tomada após o encerramento oficial dos trabalhos, quando Hamilton reassumiu a condução da sessão e, junto a outros cinco parlamentares, aprovou a abertura de denúncia contra César. As acusações incluem nepotismo, contratação de servidores fantasmas, abuso de poder e irregularidades em licitações de combustíveis.

César recorreu ao Judiciário e conseguiu, no dia 22 de agosto, uma liminar do juiz Herisberto e Silva Furtado Caldas, que suspendeu os efeitos da sessão e determinou seu retorno ao cargo. O magistrado apontou falhas no processo, como atas conflitantes e ausência de autuação regular do processo de destituição.

A vitória, no entanto, durou pouco. No dia 25, o desembargador Adolfo Amaro Mendes, do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), concedeu efeito suspensivo a recurso dos vereadores favoráveis à destituição, devolvendo a validade ao ato que retirou César da presidência.

Horas depois, o juiz da Comarca de Goiatins julgou improcedente o Mandado de Segurança impetrado por César, confirmando a legalidade da sessão conduzida pelo vice-presidente e mantendo o parlamentar fora do comando da Câmara.

Acusações no Ministério Público

No mesmo dia em que acumulava derrotas judiciais, César apresentou ao Ministério Público uma notícia-crime contra cinco vereadores: Carlos Hamilton, Josieides Soares Dias, Lilian Maria Rodrigues Ribeiro, Murilo Porto Alencar e Rubens Ferreira de Araújo.

A denúncia cita crimes como falsificação de documentos, falsidade ideológica, usurpação de função pública, prevaricação e associação criminosa. Segundo o documento, atas teriam sido manipuladas para dar aparência de legalidade ao processo de destituição.

“O que aconteceu na Câmara foi grave: documentos foram manipulados, regras desrespeitadas e o processo legislativo, que deveria ser transparente, foi distorcido”, afirmou César, que promete recorrer das decisões.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins