"Estou junto com Barrolândia": Prefeito diz que vai recorrer da cassação e pede calma à população

Em um vídeo divulgado nas redes sociais nesta semana, o prefeito de Barrolândia, João Machado Alves, conhecido como João do Supergiro (União), afirmou que não pretende abrir mão do cargo, mesmo após decisão da Justiça Eleitoral que cassou os diplomas dele e do vice-prefeito Neusimar dos Reis (Republicanos). Ambos foram acusados de abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2024.

“Tenho muita fé em Deus. Eu, como prefeito, não desisto da Barrolândia. Vou lutar até o último minuto”, declarou João, visivelmente emocionado. A gravação foi feita dentro de um carro em movimento e divulgada por aliados nas redes sociais.

A resposta foi uma reação direta à sentença assinada no último dia 4 de julho pelo juiz Ricardo Gagliardi, da 28ª Zona Eleitoral de Miranorte. A decisão judicial reconheceu uma série de irregularidades que teriam sido cometidas durante o processo eleitoral, incluindo compra de votos, uso da máquina pública para contratações temporárias em massa e fraude em concurso público para favorecer aliados políticos.

Apelo à população e tentativa de apaziguamento

Durante o vídeo, o prefeito pediu tranquilidade à população, solicitando que não deem ouvidos a boatos. “Peço a vocês que se acalmem, não escutem ninguém e confiem em mim. Eu não abandono vocês, estou junto com Barrolândia”, afirmou.

Ele também fez um apelo para que seus eleitores mantenham a paz, mesmo diante da turbulência política. “Somos todos companheiros, somos barrolandenses”, disse, incentivando a unidade entre os moradores da cidade.

Cassação, inelegibilidade e nova eleição

A sentença judicial determinou não apenas a cassação dos mandatos do prefeito e do vice, mas também do ex-prefeito Adriano José Ribeiro. Os três foram declarados inelegíveis por oito anos e condenados ao pagamento de multa de 30 mil UFs (Unidades Fiscais) cada.

A decisão ainda prevê que, após o trânsito em julgado, o Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) deverá convocar eleições suplementares para escolha de novos gestores. Até lá, o comando da Prefeitura deve ser assumido pelo presidente da Câmara Municipal.

Ministério Público apontou “esquema estruturado”

A ação foi movida pela coligação “Juntos Faremos Mais”, encabeçada pela ex-candidata Leila Rocha (PV), e teve parecer favorável do Ministério Público Eleitoral (MPE). No documento, a promotora Priscilla Karla Stival Ferreira descreveu um “esquema estruturado” para garantir a vitória do grupo político de João, utilizando práticas como:

  • Pagamento de dinheiro vivo a eleitores;
  • Emissão de laudos médicos falsos para transferências de domicílio eleitoral;
  • Manipulação de concurso público, favorecendo contratados temporários;
  • Pressão sobre servidores públicos para adesão política;
  • Distribuição de vantagens em troca de apoio político.

O concurso público, alvo de maior polêmica, está sob investigação: dos 177 aprovados, 164 já ocupavam cargos temporários na Prefeitura, segundo dados anexados ao processo.

Compromisso com a defesa

João do Supergiro finalizou a mensagem reafirmando sua confiança na Justiça e no apoio popular. “Eu vou recorrer a todas as instâncias. Tenho certeza, confiante, que vou continuar no meu mandato. Não vou ser afastado. Vou continuar trabalhando e lutando por vocês”, afirmou.

A decisão judicial é de primeira instância e ainda cabe recurso ao TRE-TO. 

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins