Prefeitura suspendeu autorização para derrubar pequizeiro em Santa Rosa do Tocantins — Foto: Arquivo Pessoal/Alcanja Pereira
Prefeitura suspendeu autorização para derrubar pequizeiro em Santa Rosa do Tocantins — Foto: Arquivo Pessoal/Alcanja Pereira

A decição de derrubar um pé de pequi gerou forte polêmica em Santa Rosa do Tocantins, no sudeste do estado. A autorização para o corte, emitida pela prefeitura, foi revogada após pressão popular, mas moradores denunciaram que a árvore já havia sido envenenada.

O pequizeiro, localizado nas proximidades da Igreja Matriz, é considerado um símbolo histórico da cidade. A autorização havia sido concedida pela Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente em 26 de junho de 2025, com base em uma “avaliação técnica fotográfica” que apontava risco de queda e presença de abelhas, o que representaria ameaça à segurança de frequentadores, especialmente crianças.

A justificativa, no entanto, não convenceu parte da população. Moradores e fiéis se mobilizaram nas redes sociais pedindo que o corte fosse impedido. Para a moradora Alcanja Pereira da Silva, de 82 anos, a árvore faz parte da história da comunidade.

“Chorei com a notícia. Quando minha filha nasceu, esse pé já existia aqui. É muito triste, vários idosos estão tristes”, lamentou.

Diante da repercussão, a prefeitura publicou, na segunda-feira (13), uma portaria anulando a autorização de corte e remoção. O novo documento cita “as manifestações da comunidade local, amplamente contrárias à retirada da árvore” e determina a suspensão de qualquer intervenção. Um processo de apuração foi aberto, com prazo de 30 dias, para verificar a legalidade da decisão e garantir transparência.

Apesar disso, o envenenamento do pequizeiro já havia ocorrido. O padre Pablo Luiz Viana dos Reis, responsável pela paróquia, confirmou ao g1 que a aplicação do veneno aconteceu antes da revogação. Segundo ele, o corte tinha como objetivo viabilizar a construção de uma sala de catequese e uma cozinha para a comunidade.

O padre também criticou as reações nas redes sociais, alegando que muitas críticas partiram de pessoas “que não frequentam a comunidade”.

“Os que caminham conosco sabem da realidade, do propósito pastoral e do zelo que temos com tudo o que envolve a vida paroquial”, afirmou.

A defesa do padre sustentou que todas as ações foram realizadas com autorização da prefeitura e dentro da legalidade, destacando que a medida visava garantir a segurança dos fiéis.

Com a revogação, a prefeitura determinou que qualquer novo pedido de corte precisará de documentação técnica completa e será submetido a nova análise jurídica e ambiental. A Secretaria de Meio Ambiente também sugeriu a realização de audiência pública para ouvir a população antes de decisões semelhantes.

O pequizeiro segue de pé e, segundo moradores, resiste aos danos causados.

“Colocaram veneno, mas não abalou a árvore em nada. Está linda, com muitos frutos e folhas novas”, relatou uma moradora nas redes sociais.

Vale lembrar que o pequi é protegido por lei — tanto pela legislação federal quanto pela Constituição Estadual. Em janeiro de 2025, a Assembleia Legislativa do Tocantins aprovou uma lei que reconhece o pequi como patrimônio cultural imaterial, gastronômico e ambiental do estado.