O afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da Operação Fames-19, desencadeou forte repercussão entre prefeitos tocantinenses, sobretudo os do próprio partido do gestor.
Na última quarta-feira, 3, o ministro Mauro Campbell, relator do caso, determinou o afastamento do governador por 180 dias, atendendo a pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República. Wanderlei é investigado por suposto envolvimento em um esquema de desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas e outras ações de assistência social durante a pandemia.
A medida levou à posse do vice-governador Laurez Moreira (União Brasil) como governador interino. A mudança, no entanto, foi recebida com tristeza, apreensão e preocupação pelos prefeitos do Republicanos, que destacaram o impacto político e econômico da decisão, além de reforçarem a lealdade a Wanderlei Barbosa.
O prefeito de Nova Rosalândia, Enoque Portílio, avaliou que a instabilidade política afeta diretamente os municípios e afugenta investidores:
“Sem sobra de dúvidas, é um prejuízo enorme. A instabilidade política, de qualquer modo, traz consequências para os municípios, porque é no município que vive o cidadão e é lá que as políticas públicas efetivamente têm que ser desenvolvidas. Essa situação, do Estado estar sob os juízes, termina sendo impeditiva de muitos convênios, muitas coisas.
Sem contar que causa também uma instabilidade em relação aos investimentos de empresários que querem contribuir com o Estado pujante que já tem suas riquezas naturais, sua logística e tantos pontos fortes. Principalmente no Tocantifator Matopiba.
Mas essa instabilidade política gera insegurança na credibilidade dos investidores para ajudar o Estado a se desenvolver e avançar na industrialização, que é tão necessária para a geração de empregos e desenvolvimento. É triste, é preocupante, infelizmente estamos vivendo esse momento.”
De Campos Lindos, o prefeito Romeu Kalugin lembrou das obras de infraestrutura realizadas na gestão de Wanderlei e disse sentir tristeza pela instabilidade política:
“Eu acho que o Estado inteiro perde, porque era um governo que vinha tendo uma aprovação muito grande. Ontem mesmo, eu vinha vindo pela TO e lembrando de como era antes do governador Wanderlei apostar na recuperação. Hoje passo por ela sem nenhum buraco, lembrando do que já vivemos e do que estávamos vivendo com estradas arrumadas e obras em andamento.
Agora é um momento de incertezas, um governo que ainda vamos aprender a conhecer, ver como vai se comportar. Temos certeza de que, com o governador Wanderlei, haveria continuidade e as coisas estavam acontecendo.
Fico triste, muito triste pela política estar passando por essa reviravolta com um governador que tinha mais de 80% de aprovação e hoje está sofrendo essa pesada. Eu sei que são investigações, mas confesso que fico decepcionado com a nossa política.”
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Aliado de primeira hora de Wanderlei Barbosa, o prefeito de Arraias, Herman Gomes, definiu a situação como injusta e lamentável:
“É lamentável. Eu acho que ele vai recorrer, vai lutar, porque seguramente não deveria estar passando por isso. Eu sinto demais o que aconteceu, sinto muito mesmo.
A gente fica com uma insegurança muito forte, e isso não faz bem para o Tocantins. Havia confiança no trabalho que estava sendo feito, e agora fica a dúvida sobre o que vai acontecer mais adiante. Isso nos deixa inseguros e preocupados.”
O prefeito Gercimar Xavier, de São Félix do Tocantins, também reforçou a perda para o Estado e defendeu a continuidade do mandato de Wanderlei:
“Eu acho que o Estado perde muito. Vivemos uma democracia e, quando você é eleito pelo voto, tem que se respeitar isso. Vamos aguardar os próximos capítulos, mas espero que o Estado não fique travado, porque os prefeitos sofrem muito com essa instabilidade.
O desejo é que o governo retorne, porque o mandato é dele. Wanderlei fez história como governador, acelerou o desenvolvimento com um trabalho digno. Foi eleito pelo voto, então acredito que tem que voltar para dar continuidade e concluir o mandato dele.”
De Ponte Alta do Bom Jesus, o prefeito José Luciano destacou que a decisão afeta diretamente a vida dos municípios e fez questão de reiterar apoio ao governador afastado:
“A gente vê com tristeza e apreensão, porque isso interfere diretamente na administração pública dos municípios. Era um governo que vinha mantendo um bom relacionamento com todos os prefeitos, e isso se refletia nas políticas públicas.
O que a gente espera agora é que o governador interino, Laurez Moreira, tenha foco nos municípios e garanta a base que precisamos. O povo não tem culpa do que acontece em Brasília ou nos tribunais.
Wanderlei deixa um legado de muito trabalho e dedicação para os municípios. A gente espera que consiga provar a inocência dele e superar essa situação difícil.”
