Maju Cotrim

A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB) está há menos de um mês de completar um ano á frente da prefeitura da mais nova capital do país. Assumiu após renúncia do ex-prefeito Carlos Amastha e desde então tem enfrentado desafios diários dos simples aos mais complexos.

Foram vários processos internos e externos ao mesmo.Primeiro readequar a gestão, filtrar de acordo com os critérios dela quem era aliado ou não, estudar o que manter e o principal desafio: “dar sua cara e jeito”. (Que continua sendo o maior desafio).

No dia da coletiva do Palmas, Capital da Fé a prefeita estava falando e havia muito barulho no ambiente por parte de integrantes de sua própria equipe. Ela não hesitou e pediu silêncio ali mesmo no microfone. Aquela cena assim como muitas outras são repetidas no jeito Cinthia de lidar com a administração: pulso firme. Há inclusive auxiliares que chegam a reclamar e acha lá muito rígida, conforme dizem nos bastidores. Ela não poderia ser assim? Porque?

“Não basta ser mulher, tem que ser A Mulher”, afirmou Cínthia Ribeiro a Gazeta. Foi um desabafo forte que não parou por aí: “Para ser “A MULHER” você tem que ter nervos de aço e às vezes abrir mão do que te faz feminina na sua essência. O jogo pelo poder é pesado e impiedoso”, resumiu.

Cínthia está falando de uma série de posturas que tem enfrentado no poder. Nas redes sempre é criticada inclusive por outras mulheres. Dia desses respondia diretamente via Twitter questionamentos e polêmicas. Lá estava ela de novo mostrando seu pulso firme e exposta aos julgamentos. Mas com base em que eles eram feitos? Vale analisar…

Outro dia um auxiliar de Cínthia disse que não imaginava que ela seria diferente de Amastha. Um outro colega presente, que contou a história, disse não entender a comparação. Ou seja: o que esperam das mulheres como gestoras? Delas no poder? Que sejam eternamente calmas e tranquilas? Que não questionem? Que não possam exercer o poder e a responsabilidade que elas têm? Que não sejam audaciosas a ponto de promover mudanças tanto de pessoas como de ações? São perguntas que ficam no ar.

Quando Amastha estava prestes a renunciar a pergunta que Cinthia mais ouvia e se ela estava preparada… ou seja: ela realmente seria capaz de administrar Palmas? Parecia ser o que estava implícito na pergunta…quantos prefeitos ou pessoas que ocupam outros cargos no Tocantins tinham experiência antes de assumir? Eles ouviam a mesma pergunta?

Quais as expectativas se colocaram sobre a prefeita da capital? A da perfeição? A da continuidade? (Afinal foi eleita num projeto de governo…)É o que muitos se perguntam. O fato é que ela tem recebido críticas das simples as mais duras inclusive de outras mulheres… “sentindo falta da verdadeira sororidade. Tantas mulheres poderiam somar mas preferem detonar outras mulheres”, chegou a avaliar uma aliada da gestora, que tem inclusive muitos espaços de sua gestão preenchidos por mulheres. Tem mulheres em áreas importantes na prefeitura de Palmas. Mas isso conta positivamente ou passar batido no contexto da avaliação!? Veja que no governo do Estado por exemplo a presença de mulheres no primeiro escalão é pífia… O que falta para Cinthia cativar outras mulheres?

Varias mulheres que estão na política chegam a dizer que lutam tanto para chegarem ao poder e quando chegam falta os braços fortes de outras mulheres apoiando e incentivando… seria o caso de Cinthia?

O fato é que lá se vão um ano reorganizando, descascando abacaxi, viajando para Brasília em busca de recursos (o CAF está aí..), administrando também treta nas redes e tendo sim que se desdobrar para mostrar resultados. Porque uma mulher ocupar espaço político de fato ainda é um desafio real. É ter que administrar a cidade mas também o que esperam que ela faça ou como deve agir.

Os passos políticos e administrativos de Cinthia são de responsabilidade dela e sua gestão que tem sim que mostrar competência e resultados para a população mas sem o sobrepeso de cobrança das outras administrações do Estado e do país . Que ela seja avaliada como gestora pelos atos e ações e não por ser mulher ou que esse fator não impeça de enxergar os pontos positivos e principalmente o esforço para comandar uma cidade e lidar com tantas situações adversas.

Quando Cinthia foi publicamente atacada com palavras fortes por um ex-senador não faltou solidariedade na Câmara onde tem maioria de apoios e um vereador disparou na ocasião: “Existem muitos homens do seu lado que vão te defender”, disse Milton Neris na ocasião. Uma solidariedade política pública rara se tratando de Politica do Tocantins. Os desafios da representação feminina na política passam por vários desdobramentos internos principalmente onde fica claro que há discursos que não se aplicam na prática. Ou seja: cobra-se mais mulheres na política mas e depois!? Sob quais parâmetros elas serão observadas ou julgadas quando sentarem nas cadeiras! Aquele lance de lugar de Mulher é onde ela quiser vale mesmo?

Enfim… como disse a própria prefeita: o jogo pelo poder e pesado e impiedoso! O dia a dia mostra que para mulheres uma dosezinha de peso a mais!