Maria José Cotrim- Editora Chefe da Gazeta do Cerrado

Janeiro tem sido aquele mês marcado pelas articulações políticas de bastidores. Das estratégias e da expectativa para posse nos legislativos. Muitas conjecturas se apresentam neste mês e uma delas vem da imprensa nacional: o interesse do MDB no senador recém- eleito no Tocantins, Eduardo Gomes. Veículos nacionais como a Veja chegam a dar como certa a ida porém há uma série de fatores que as vezes não são levados em conta no calor do boato.

Vamos lá! A começar pela história política tradicionalmente nomes que buscam o MDB sempre precisaram do partido para a legenda ou para disputar algum cargo. Eis aí o caso da senadora Katia Abreu quando ingressou na legenda e ainda Leonardo Quintanilha. Eram nomes precisando urgentemente da sigla para seus projetos políticos e travaram verdadeiras lutas internas na disputa pelo comando.

Foto: Divulgação

No caso Gomes não é este contexto: ele já está eleito, como mais votado inclusive no Tocantins, pelo SD, legenda que ajudou a fundar nacionalmente. No entanto, se Gomes for mesmo para o MDB seria para ajudar o partido e não para ser ajudado. Após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda, ano passado, o partido elegeu uma bancada forte na Assembleia mas a nível federal conta apenas com a deputada Dulce Miranda como representante.

Eduardo Gomes em termos de votação teve um dos melhores resultados do país no Solidariedade e sequer esteve em nenhum momento no comando do partido No Estado. O SD no Tocantins está sob batuta do deputado Estadual Vilmar Oliveira. A legenda elegeu seis mandatários, ou seja, foi uma das que mais cresceu proporcionalmente no número de eleitos elegendo o mais votado na Câmara Federal, Thiago Dimas e ainda Léo Barbosa na Assembleia também com maior votação.

Ou seja… não é uma necessidade do Gomes ir para o MDB neste momento mas sim um interesse do próprio partido que iria se fortalecer tendo o senador nos seus quadros.

Outro aspecto: Gomes tem como linha a construção pragmática do entendimento nas suas articulações políticas. Sendo assim, uma eventual chegada na legenda não seria goela abaixo como em episódios anteriores que já gerou até intervenção nacional no Tocantins, e sim num processo de soma de forças. Um gesto semântico profundo ilustra bem neste contexto: o primeiro ato de Gomes ao ser eleito ano passado foi visitar o ex-governador Marcelo Miranda e a deputada Dulce na residência deles em Palmas. Sinal de respeito e agradecimento pois muitas pessoas e líderes ligados a eles apoiaram Gomes mesmo o MDB estando na coligação de Carlos Amastha.

Na lista de motivos para Gomes ir para o MDB está ainda a boa convivência com a bancada Estadual da legenda. O senador teve apoio de muitos dos deputados que se elegeram e mantém contato e boa relação com os líderes do partido à Nivel municipal também.

2020 é ano de eleição municipal e o MDB tem grande capilaridade eleitoral no Tocantins porém precisa reorganizar estes líderes.

 

Construir um projeto de Estado e ajudar o Tocantins são outros motivos que também justificariam a ida do senador para os quadros do MDB.

Eduardo Gomes tem uma aliança bem definida e incontestável com o ex-governador Siqueira Campos, seu primeiro suplente que assumirá ainda em fevereiro, e se colocou numa posição de ajudar o governo Carlesse e o Tocantins neste momento porém já há uma torcida nas hostes internas do MDB tocantinense para que ele de fato decida por se filiar ao partido.

Há muitos aspectos a serem avaliados e o principal deles é que a sondada mudança de partido é uma escolha única e exclusiva do senador eleito e não parte de uma necessidade urgente ou conveniente e sim de um propósito e interesse de ajudar e fortalecer o partido e o Tocantins.

A Gazeta acompanha todos os detalhes nos bastidores não com base em boatos mas sim nos fatos. Aguardemos os próximos capítulos