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Neurologista da UFT orienta sobre os riscos que a meningite pode causar ao organismo e como prevenir

Neurologista da UFT Felipe Moreira Dias

O dia 24 de abril é considerado mundialmente a data de alerta para sensibilizar a população sobre a importância da prevenção com relação a meningite, doença contagiosa que se não tratada, pode levar a morte. Com intuito de esclarecer as principais dúvidas acerca da enfermidade, o médico neurologista do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT/Ebserh), Felipe Moreira Dias, gravou um vídeo e concedeu breve entrevista sobre o tema, que segue.

O hospital universitário é referência no atendimento a meningite e recebe os pacientes por meio de encaminhamento da Rede de Atenção à Saúde (RAS).

O que é meningite e quais os tipos?

Meningite é caracterizada por um processo inflamatório das meninges, que são estruturas que revestem nosso cérebro com várias funções, dentre elas a defesa do sistema nervoso central. Assim, não apenas quadros infecciosos podem causar meningite, mas também qualquer outra causa de inflamação nessas estruturas, como neoplasia ou doenças inflamatórias.

No caso das meningites infecciosas destacamos as virais como responsável pela maioria dos casos, mas também bacterianas com sintomas mais intensos e graves; entre outras como microbactérias, protozoários ou fungos, responsáveis por meningites geralmente de caratês crônico, ou sejam, ocorrem por mais de um mês e geralmente com sintomas mais leves, dificultando o diagnóstico.

Como a doença afeta o sistema nervoso central e como é transmitida?

Os microorganismos causadores de meningite possuem mecanismos capazes de burlar os mecanismos naturais de defesa do seu hospedeiro, e deste modo, podem invadir a corrente sanguínea. Algumas situações como traumatismo e malformações podem facilitar a comunicação entre a pele/mucosas e o espaço subaracnóideo, um espaço que fica entre as meninges.

Os principais mecanismos de transmissão da doença são através da via respiratória e da via hematogênica. Na via respiratória, basicamente a transmissão ocorre através da emissão de aerossóis, do contato de pessoas acometidas com pessoas sadias. Na via hematogênica, como já foi comentado, um trauma ou afecção cutânea pode facilitar a comunicação da pele com o espaço subaracnóideo e desse modo propiciar a disseminação do organismo causador da doença para o sistema nervosos central.

Como se manifesta, quais sinais e sintomas?

O paciente acometido pode apresentar-se com a tríade clássica: febre, cefaleia e alteração do nível de consciência. Entretanto, tais manifestações apenas são observadas em menos de 50% dos acometidos. Na maioria dos casos há apenas alguns sinais e sintomas isolados, principalmente a cefaleia, vômitos, rigidez de nuca, crise convulsiva e alteração do estado mental. Assim, sempre diante de um quadro de cefaleia, devemos estar atentos para sinais de alarme, para que o diagnóstico de meningite não passe despercebido.

Existe um público mais vulnerável?

Destaca-se como público vulnerável principalmente os idosos, devido a maior chance de terem comorbidades crônicas. Pacientes já em uso de medicações imunossupressoras, pacientes com doenças que reduzem a imunidade (HIV, anemia falciforme e transplantados), pacientes com doenças pulmonares crônicas, além de crianças não vacinadas, entre diversas outras.

Como é feito o tratamento?

Depende da etiologia. O tratamento das formas bacterianas, cuja letalidade é cerca de 10%, deve ser instituído o mais rápido possível, com uso de antibioticoterapia empírica, baseado na idade e comorbidades do paciente.

Já outras formas de meningite, o tratamento pode ser focado apenas no suporte, como uso de antitérmicos e controle de sintomas, até tratamentos mais específicos como tratamentos focados para tuberculose ou fungos.

Como podemos previr essa doença?

Atualmente a melhor forma de prevenir a meningite bacteriana é a vacinação contra os patógenos mais comuns, sendo estas disponibilizadas pelo SUS no calendário vacinal infantil. Esta estratégia é a mais efetiva, sendo verificado diminuição dos casos e da mortalidade após a vacinação das crianças.

Outro ponto a se considerar na prevenção dia respeito à quimioprofilaxia, que consiste em tomar remédio após a exposição para não adoecer. Como a forma de transmissão da meningite bacteriana é por gotículas, semelhante à do SARS-CoV2, só será eleito para tomar o remédio pessoas que tiveram íntimo contato durante a vigência dos sintomas do doente. Entre as indicações estão contactantes domiciliares, pessoas que dormiram no mesmo quarto e colegas de escola da mesma sala. Lembrando que nem em todo caso de meningite a quimioprofilaxia está indicada, apenas para meningococo e alguns casos de haemophilus.

Infelizmente não existe prevenção para meningite viral, apenas o distanciamento e uso de máscaras cirúrgicas ao ficar perto de alguém com suspeita

Sobre a Ebserh

O HDT-UFT faz parte da Rede Ebserh desde fevereiro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede de Hospitais Universitários Federais atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

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