Desde 1972, o mundo celebra, na data deste domingo (5/6), o Dia Mundial do Meio Ambiente, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Especialistas alertam que os recentes desastres ambientais no Brasil, como as fortes chuvas que atingem o Nordeste, mostram que o país está atrasado no tema e tem diversos obstáculos a serem superados.
Gustavo Souto Maior, professor de Gestão Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), avalia que a questão ambiental é também uma pauta econômica, e o Brasil não tem levado a sério o debate global sobre os principais problemas que afetam o meio ambiente.
“A questão ambiental é sempre vista, por qualquer governo que já tenha passado pelo Brasil, como algo que atrapalha. Não é atacada ainda com a atenção que ela merece, e a gente paga um preço alto, financeiro, por isso”, avalia.
Já Guarany Osório, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca como o país é um agente importante na transição econômica para uma economia mundial de baixo carbono. “É necessária uma transformação no mercado, de reputação a nível global, na tecnologia. O Brasil precisa estar alerta”, afirma.
Desmatamento
Segundo Osório, o maior desafio do Brasil hoje é cuidar do desmatamento. “Para acabar com o desmatamento, é necessário ação governamental. A gente precisa da Polícia Federal, das polícias estaduais, do Ibama, para agir contra a ilegalidade”, diz.
Thiago Ávila, socioambientalista e diretor do Instituto Bem Viver, aponta que há uma relação direta entre esse problema e a emissão de carbono.
“69% das emissões de gases que causam o aquecimento global são fruto da derrubada e queima das florestas (que emite dióxido de carbono), da pecuária de alta intensidade (que emite metano), e da monocultura, principalmente da soja (que emite óxido nitroso a partir dos fertilizantes industriais)”, explica.
Em abril deste ano, a Amazônia perdeu 1.197 quilômetros quadrados (km²) de árvores , segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Foi um aumento de 54% em relação ao registrado no mesmo mês de 2021.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que as emergências ambientais mais alarmantes de 2022 são a emissão de gases de efeito estufa, o controle do aumento da temperatura global e ações sustentáveis.
Segundo o IPCC, as emissões globais de gases de efeito estufa seguem aumentando. Para limitar o aquecimento a 1,5°C, seria necessário fazer o fenômeno parar de crescer até 2025. O último relatório do painel relata também que não há espaço para novas infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis.
Quem paga é a população
Ao comentar sobre as chuvas em Pernambuco, Ávila diz que acaba sendo “contraditória” a relação entre os principais culpados pela emergência ambiental e quem sofre as consequências.
Fonte: Metrópoles