Equipe Gazeta do Cerrado

A nova recomendação do Ministério da Saúde (MS) em interromper a vacinação em adolescentes sem comorbidades tem causado polêmica desde esta quinta-feira, 16. O Governo do Tocantins já comunicou que seguirá a recomendação do ministério, porém, os municípios tem autonomia para decidir a faixa etária de vacinação.

Questionado pela Gazeta, o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) informou em nota na manhã desta sexta-feira, 17, que defende a continuidade da vacinação para a devida proteção da população jovem, sem desconsiderar a necessidade de priorizar neste momento dentre os adolescentes, aqueles com comorbidade, deficiência permanente e em situação de vulnerabilidade.

Leia a nota na íntegra:

O COSEMS-TO informa a todas as 139 Secretarias Municipais de Saúde que respeita o posicionamento divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) de seguir a orientação do Ministério da Saúde em restringir a vacinação apenas para adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.

Entretanto, nosso Conselho informa que:

1. Considerando o posicionamento do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), que representa todas as Secretarias de Estado da Saúde do Brasil.

2. Considerando o posicionamento do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, que representa as Gestões de Saúde Municipais.

O COSEMS-TO defende a continuidade da vacinação para a devida proteção da população jovem, sem desconsiderar a necessidade de priorizar neste momento dentre os adolescentes, aqueles com comorbidade, deficiência permanente e em situação de vulnerabilidade.

Ao afirmar nosso posicionamento, aproveitamos a oportunidade para manifestar nossa solidariedade aos Secretários e Secretárias Municipais de Saúde do Tocantins e suas respectivas equipes, que foram pegos de surpresa com essa decisão unilateral do Ministério da Saúde. Inúmeras ações de promoção da vacinação foram canceladas nos municípios, causando prejuízos não só financeiros, mas também de conscientização da população. Transtornos diversas foram ocasionados na ponta, após a divulgação de orientações sem qualquer consulta prévia às representações estaduais e municipais da gestão do Sistema Único de Saúde.

O COSEMS-TO se coloca à disposição das Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins para qualquer esclarecimento.

Vacinação no maiores municípios

A prefeita Cinthia Ribeiro já afirmou que Palmas seguirá vacinando adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Já Gurupi, decidiu acompanhar a recomendação do MS e do Estado e interromperá a vacinação dos jovens.

A Gazeta também solicitou nota sobre como Araguaína procederá sobre a vacinação e aguarda resposta.

O que diz a Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que não há “evidências” que justifiquem a alteração da recomendação para uso do imunizante da Pfizer em todos os adolescentes entre 12 e 17 anos.

O posicionamento da Anvisa diverge da decisão anunciada pelo Ministério da Saúde, que pregou cautela e limitou o uso somente aos grupos prioritários (deficiência permanente, comorbidades e privados de liberdade).

A agência afirma que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos que foi vacinado com a Pfizer. A Anvisa foi informada de que a paciente apresentou uma reação adversa grave após receber a primeira dose contra a Covid-19.

“Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina. (…) Até o momento, os achados apontam para a manutenção da relação benefício versus risco para todas as vacinas, ou seja, os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos., informou a Anvisa.

Segundo a Anvisa, os dados recebidos “ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina”.