Utilizar um computador nos anos 2000 não era uma tarefa tão simples quanto é hoje. A Internet ainda não era tão acessível, smartphones não existiam e os PC da época não eram baratos e tão pouco funcionais quanto os modelos atuais. Em um período em que as lan houses eram o reduto da Internet banda larga, ter uma rede rápida em casa era ostentação, por isso, quem queria experimentar os games online recorria a esse tipo de estabelecimento.
A seguir, o TechTudo relembra algumas situações muito comuns para quem utilizava computadores em um período que antecedeu YouTube, WhatsApp e toda a conveniência que temos hoje com conexão instantânea em praticamente qualquer lugar.
Internet discada exigia um modem dial up, geralmente embutido nos PCs — Foto: Divulgação/Trendware International
1. Conectar à Internet discada
Se hoje temos acesso à Internet praticamente em qualquer lugar com dispositivos que cabem nos nossos bolsos, no início do milênio a situação era muito diferente. Naquele tempo, o mais comum era o acesso à Internet discada, ou dial-up, que utilizava a linha telefônica como porta para transmissão dos dados.
Além de exigir um telefone, que ficava ocupado durante a navegação, era preciso configurar um discador. Esse processo poderia ser realizado diretamente nas configurações do Windows ou os usuários poderiam adquirir um dos CDs dos provedores de Internet da época, que ofereciam um software para realizar a discagem de uma maneira mais simples. O custo para conexão também era elevado, já que cada acesso era como realizar uma chamada telefônica. Por isso, para economizar na conta de telefone, o ideal era conectar após a meia-noite em dias úteis ou aos sábados para utilizar um único pulso de chamada.
2. Usar capas em monitores e teclado
Os computadores dos anos 2000 apresentavam uma característica visual comum, de branca que ganhava tons mais amarelados com o tempo. O visual dos equipamentos acabava datado e visualmente desagradável. Para evitar a deterioração e também não permitir que os equipamentos fossem cobertos de poeira, alguns usuários utilizavam capas para monitor, gabinete e teclado. Normalmente, esses acessórios eram transparentes feitos de um material plástico que prometia conservar seu computador mais limpo.
As capas eram utilizadas para preservar monitores como este modelo da Samsung — Foto: Divulgação/Samsung
3. Guardar fotos e arquivos e CDs
Em tempos onde pen drives, HDs externos e armazenamento em nuvem não existiam, os usuários de computadores precisavam encontrar outras formas para armazenar seus arquivos. Os disquetes possuíam um volume muito limitado de dados, por conta disso, entusiastas investiam em gravadores de CDs.
Quem possuía um drive gravador era uma espécie de celebridade local, já que tinha o poder de criar mídias físicas personalizadas. Afinal, em vez de guardar pouco mais de 2 MB em um disquete, agora era possível armazenar até 700 MB em um disco. Caso você quisesse reaproveitar um disco, precisaria investir em uma mídia CDR-W, que prometia sobrescrever os dados sempre que você desejasse renovar seu CD.
Abertura da gaveta do drive com clip de papel era solução quando dispositivo travava — Foto: Raquel Freire/TechTudo
4. Instalar Windows com disquetes
Se hoje o uso de mídia para instalar o Windows é praticamente obsoleto, no início dos anos 2000 elas eram essenciais. Uma das formas mais inconvenientes de instalar o sistema era utilizando disquetes.
A baixa capacidade de armazenamento desses acessórios, fazia com que fosse preciso trocar os discos à medida que a cópia dos arquivos de instalação era concluída. Isso fazia não só o usuário perder tempo, já que a velocidade de transferência de dados era baixa, mas exigia que o mesmo ficasse próximo ao computador para trocar as mídias de acordo com o andamento do processo. Essa modalidade de instalação era mais comum na versão Windows 98 da Microsoft.
Disquetes eram os “pendrives” da década: extremamente frágeis, só aceitavam 1,44 MB de dados – muito menos do que um único arquivo MP3 — Foto: Filipe Garrett/TechTudo
5. Utilizar função turbo em desktops
Os entusiastas da computação estão acostumados com o termo overclock, que se refere à prática de acelerar o processador, memória ou GPU para obter mais desempenho. O overclock aumenta as frequências fazendo com que os dispositivos consumam mais energia e entreguem mais performance.
Mas se você imagina que essa é uma prática moderna, saiba que nos anos 2000 alguns gabinetes contavam com um botão dedicado a aceleração do processador. Trata-se do botão Turbo, que era capaz de adicionar algumas dezenas de MHz ao processamento de seu 486. A Intel até considerou trazer de volta o antigo botão Turbo em 2015, mas parece que a indústria não compartilhou do saudosismo da empresa.
6. Usar o impreciso mouse com bolinha
O mouse com bolinha era um dos ícones da informática dos anos 2000, responsável por toda imprecisão dos desenhos no Microsoft Paint. O acessório também provocava curiosidade nas crianças, que desencaixavam o suporte para a bolinha para ver o mouse por dentro.
O mouse analógico era um dispositivo que, em vez de usar um laser para apontar a direção de sua movimentação, utilizava uma esfera que girava duas roldanas para realizar a transferência de informação da movimentação do ponteiro. A gravidade era uma aliada indispensável, já que utilizar o mouse em uma posição que não fosse a horizontal e sobre uma superfície adequada era impossível. Felizmente, o padrão foi abandonado, assim como sua conexão PS2.
Mouses usavam uma bolinha e dois sensores óticos para registrar movimento — Foto: Divulgação
7. Usar placas de vídeo AGP
AGP ou Accelerated Graphics Port (Porta gráfica acelerada) foi um barramento para utilização de placas de vídeo que coexistiu com o PCI-E nos anos 2000. O padrão foi desenvolvido pela Intel, chegando junto com o processador da empresa Pentium II, no final dos anos 90. Depois de ganhar diversas versões que aprimoravam suas funções, o AGP foi descontinuado em 2005, mas na época ainda era possível adquirir uma FX 5200 da Nvidia com seus 128 MB de VRAM para rodar seus games favoritos em um PC gamer da época.
Conexão PCI-Express é o atual padrão para placas de vídeo — Foto: Fernando Sousa/TechTudo
8. Usar uma placa PCI para adicionar USB
As placas-mãe dos anos 2000 não tinham portas USB integradas por padrão. Por isso, caso você tivesse interesse em utilizar esse tipo de conexão, precisaria investir em uma placa que, ao ser instalada em um dos slots PCI, permitisse que duas ou quatro portas USB ficassem disponíveis na parte traseira do gabinete.
Apesar do uso mais comum para as portas PCI ser a adição de uma placa de rede ou mesmo adaptador de som, muitos usuários ostentavam conexões USB que ofereciam uma fração da velocidade que temos com os padrões atuais da tecnologia.
Atualmente um dos usos mais comuns para o barramento PCI é com placas de rede sem fio — Foto: Divulgação/TP-Link
9. Usar porta paralela/serial para impressora
Porta paralela e serial foram um padrão de conexão desenvolvido pelaIBM que era utilizado para conectar periféricos aos computadores. O uso mais comum desse tipo de conexão era com as impressoras, mas alguns joysticks e outros dispositivos também eram conectados por essas portas. Ambas as tecnologias foram substituídas pelo USB, que se tornou um padrão para conexão de periféricos, ganhando, inclusive, um convênio que estipula as diretrizes de desenvolvimento da tecnologia.
USB é o atual padrão para conexão de periféricos que já não tenham suporte ao wirelless — Foto: Filipe Garrett/TechTudo
10. Usar HDs de 80 GB
Se você possui um smartphone, provavelmente ele tem mais capacidade de armazenamento do que os melhores HDs dos anos 2000. Na época, grande parte dos usuários utilizavam discos com capacidade máxima de 80 GB, mais do que o suficiente para o sistema e alguns jogos.
Além do limite de espaço, os HDs da época eram muito mais lentos do que os atuais, sem mencionar a tecnologia SSD, que veio para ser ainda mais ágil e mudar a maneira de instalar o sistema operacional. Para termos uma noção de como a tecnologia evoluiu, hoje em dia, um HD com capacidade mais de 100 vezes maior que os Hds dos anos 2000 é um dispositivo bastante comum.
Parte interna de um HD com seu disco para gravação dos dados em destaque — Foto: Filipe Garrett/TechTudo
Fonte: TechTudo
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