E agora, Laurez? Sem a caneta, o desafio da sobrevivência das alianças

O encerramento do período de interinidade do vice-governador Laurez Moreira no comando do Palácio Araguaia inaugura um novo e decisivo momento para sua trajetória política. Fora da cadeira de governador, Laurez passa agora por um teste que costuma ser implacável na política: separar o que foi apoio circunstancial, motivado pelo poder momentâneo, daquilo que de fato se consolidou como aliança política real e duradoura.

Durante os três meses em que esteve à frente do governo, Laurez se movimentou com intensidade. Filiado ao PSD, legenda do senador Irajá, contou com o apoio firme do parlamentar, um de seus principais aliados durante o período interino.

Laurez também conseguiu atrair o PT para o diálogo. A legenda, inclusive, esteve a poucos dias de formalizar o desembarque em seu governo, movimento que acabou não se concretizando por questões de tempo e pela redefinição do cenário político com o retorno do governador titular.

No Legislativo estadual, o vice-governador interino também obteve manifestações públicas de apoio de alguns deputados estaduais, que enxergaram no seu governo uma alternativa política e administrativa em um momento de transição sensível no Estado. Esses gestos, porém, agora serão colocados à prova.

Com o fim da interinidade, a grande pergunta que passa a orientar as análises políticas é direta: quem permanecerá ao lado de Laurez Moreira agora que ele deixou o centro do poder? A política costuma ser generosa enquanto há caneta, mas rigorosa quando ela é devolvida. É nesse ponto que se inicia a verdadeira prova de fogo do vice-governador.

A partir de agora, Laurez terá que demonstrar capacidade de manter aliados, organizar um projeto consistente e transformar as pontes construídas durante o governo interino em bases sólidas para sua pré-candidatura. Os próximos movimentos indicarão se o período à frente do Estado serviu como alavanca real para sua projeção política ou se foi apenas um momento transitório, marcado por apoios circunstanciais. Há ainda a “revisão” e “reanálise” dos atos da sua gestão interina que estão sendo analisados por comissão do governo.

A movimentação de Laurez no pós-interinidade será observada com lupa pelo meio político. Suas articulações, discursos e escolhas dirão muito sobre o tamanho do projeto que pretende construir e sobre quem, de fato, estará disposto a caminhar ao seu lado quando o poder não estiver mais na cadeira, mas na capacidade de articulação e convencimento.