
A reorganização do campo progressista no Tocantins começa a desenhar um cenário mais competitivo para as eleições proporcionais de 2026. O PT, junto à federação com PV e PCdoB, sinaliza disposição para manter a aliança e trabalhar uma nominata mais consistente para a disputa à Câmara Federal. Se os principais nomes confirmarem candidatura e houver unidade política, não é exagero dizer que a federação pode, sim, brigar por uma cadeira em Brasília, segundo afirma o grupo.
Dentro desse contexto, um nome tem ganhado força de forma gradual, mas constante: o da vereadora Thamires Lima, porta-voz do Coletivo SOMOS e atualmente com mandato na Câmara Municipal de Palmas.
Thamires já chamou atenção em 2022. Mesmo sem grande projeção estadual e ainda pouco conhecida fora de círculos militantes e movimentos sociais, foi a mulher de esquerda mais bem votada para deputada federal no Tocantins naquele pleito. O resultado, à época, foi visto por muitos como um sinal de potencial ainda pouco explorado.
Desde então, o cenário mudou. Eleita vereadora em 2024 junto com seu grupo, Thamires passou a ocupar um espaço institucional que ampliou sua visibilidade política. O mandato coletivo do SOMOS, que surpreendeu ao derrotar nomes tradicionais da política palmense, consolidou uma forma diferente de fazer política, com forte presença nos territórios, diálogo com movimentos sociais e atuação em pautas historicamente marginalizadas no debate institucional.
A atuação na Câmara de Palmas também abriu caminho para articulações mais amplas. Um exemplo simbólico foi a criação da Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos no município, iniciativa que dialoga diretamente com a base política que o Coletivo SOMOS e Thamires construíram ao longo dos anos e reforça sua identidade como liderança vinculada às pautas antirracistas, feministas, LGBTQIA+ e de defesa dos direitos humanos.
Outro elemento que diferencia sua trajetória no cenário local é o posicionamento político claro. Em um ambiente muitas vezes marcado por ambiguidades e silêncios estratégicos, Thamires se firmou como a única vereadora com mandato em Palmas a defender abertamente o Governo Federal e o presidente Lula. Essa postura a coloca como um nome alinhado ao campo progressista nacional e potencialmente útil ao projeto do governo federal no Congresso, especialmente em um parlamento ainda majoritariamente conservador.
Mulher negra, jovem e oriunda de uma construção coletiva, Thamires representa um perfil ainda raro na bancada tocantinense em Brasília. Sua atuação gira em torno de pautas como igualdade racial, da capoeira, da cultura Hip Hop, direitos das mulheres, dos povos de terreiro, da população LGBTQIA+, dos trabalhadores e a defesa intransigente dos direitos humanos. Trata-se de uma agenda que dialoga com setores organizados da sociedade, mas que também encontra ressonância em eleitores que buscam renovação política com identidade e posicionamento.
A possível candidatura de Thamires a deputada federal ainda está em construção, mas não pode ser subestimada. O histórico recente mostra que, quando organizadas coletivamente, candidaturas consideradas “novas” são capazes de alterar o tabuleiro político. Palmas foi prova disso em 2024, quando o Coletivo SOMOS surpreendeu e derrotou nomes históricos, como a ex-deputada e ex-vereadora Solange Duailibe.
Se a federação mantiver coesão e conseguir transformar capital político local em articulação estadual, Thamires pode deixar de ser apenas uma aposta promissora e se tornar uma candidatura competitiva. Em um Tocantins marcado por oligarquias e pouca renovação, isso, por si só, já seria um dado relevante da conjuntura.
Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!
Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!