Equipe Gazeta do Cerrado

Os ex-governadores do Tocantins José Wilson Siqueira Campos (DEM) e Sandoval Cardoso (SD)foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Federal sobre um esquema milionário de pagamentos de propina e fraudes em contratos públicos durante suas gestões.

As provas apresentadas pelo MPF mostram que acertos de propinas foram feitos via WhatsApp e envolveram até pagamento de voos para Porta Seguro (BA).

Estas irregularidades foram reveladas durante as investigações da Operação Apiá, que mostrou a existência de uma organização criminosa no Tocantins para desviar dinheiro público vindo de financiamentos contraídos de bancos públicos e instituições internacionais.

Segundo o MPF, o núcleo político era formado pelos ex-governador Siqueira Campos e Sandoval Cardoso e pelo deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM), que era secretário de relações institucionais de Siqueira.

Conforme o órgão, forma desviados R$ 35 milhões em contratos assinados entre 2013 e 2016. O povo do esquema era o empresário Wilmar de Oliveira Bastos, da empresa de engenharia EHL, que supostamente teria se beneficiado com as fraudes.

A denúncia é assinada pelos procuradores Daniel Luz Martins de Carvalho, José Ricardo Teixeira Alves e Rafael Paula Parreira Costa, da Procuradoria da República no Tocantins, e protocolada na última quinta-feira, 12.

Sandoval, Siqueira e Eduardo forma denunciados por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Wilmar é acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Agora, caberá à Justiça Federal do Estado do Tocantins decidir se os torna réus e abre ação penal.

Os investigadores obtiveram provas de acertos de propina negociados diretamente por Eduardo Siqueira Campos com Wilmar de Oliveira Bastos, que é acusado de corrupção na denúncia. Em conversa mantida entre eles pelo WhatsApp no dia 15 de outubro de 2014 Eduardo pede ajuda a Wilmar para quitar uma dívida com outro empresário.

“To passando por um constrangimento grande hoje perante o Pedro Roriz a quem devo cem mil (…). Estou recorrendo a quem posso, uma vez que ele me deixou perto da humilhação”, afirma Eduardo ao empresário. Wilmar pergunta: “Posso ligar para ele?”. Eduardo responde: “Se for para pagar, sim”. A conversa prossegue e o deputado insiste: “Wilmar, desculpa, vc consegue pagar?”. O empresário assegura: “Vou assumir, Eduardo”. Outra conversa, entre Wilmar e o então governador Sandoval Cardoso, na qual Sandoval chama o empresário de “sócio”, também chamou a atenção dos investigadores.

Os investigadores obtiveram uma planilha de voos das aeronaves particulares do empresário e descobriram que Wilmar bancou voos para Eduardo Siqueira Campos e sua família. O MPF aponta que o expediente era uma espécie de pagamento de propina ao político. A planilha registra que, em 6 de janeiro de 2014, a aeronave partiu da cidade de Paraíso de Tocantins transportando “familiares do Eduardo Siqueira Campos” com destino a Porto Seguro (BA). No dia seguinte, a planilha registra que o próprio Eduardo Siqueira Campos foi transportado para Porto Seguro. O deputado voltou a Palmas no dia 12 de janeiro, também na aeronave do empresário. Seus familiares voaram de volta no dia seguinte.

O MPF cita diversas obras de pavimentação e conservação de rodovias estaduais como alvos das fraudes e desvios de recursos. As fraudes, segundo a denúncia, tiveram a participação de Wilmar e dos políticos citados.

O então governador Siqueira Campos, idealizador da criação de Tocantins, deixou o cargo em abril de 2014 para concorrer ao Senado, mas depois desistiu da candidatura. Quando ele renunciou, o governo seria assumido pelo vice João Oliveira, mas este também abriu mão do cargo para que a gestão fosse capitaneada por Sandoval, que ficou no cargo até o fim do ano. Segundo o MPF, houve um acerto ilícito para que Sandoval continuasse tocando o esquema.

Defesa

A defesa de Eduardo Siqueira Campos disse que não teve acesso aos autos.

A de Sandoval, afirmou que também ainda não teve conhecimento da denúncia, mas afirmou que a investigação já está em andamento há quatro anos e não há provas contra ele.

A defesa de Wilmar não retornou os contatos. E os advogados de Siqueira Campos não foram localizados.

Com informações do O Globo