Testes rápidos Covid-19 – Foto: Raiza Milhomem
Frente à pandemia que se segue, inúmeros testes foram criados para identificar a COVID-19. No entanto, recentemente, pesquisadores da Universidade de Teerã desenvolveram um teste diferenciado, que pode detectar o vírus no muco nasal.
O professor de engenharia elétrica do IEEE Spectrum, Mohammad Abdolahad, liderou uma equipe de estudantes de graduação e pós-doutorandos na Universidade de Teerã que desenvolveu o sistema de diagnóstico eletroquímico não invasivo. Chamado de Detector ROS [espécies reativas de oxigênio] em amostra de escarro (RDSS), o teste rastreia inflamação respiratória em tempo real e não exige que um profissional médico faça um swab para a amostra. ROS são espécies químicas reativas que contêm oxigênio e podem danificar gravemente o DNA, o RNA e as proteínas. Esta ferramenta pode determinar a presença de ROS produzidas por inflamação respiratória.
A principal questão do projeto é resolver como o controle da disseminação do vírus em grande parte depende da triagem dos casos suspeitos, é importante ter métodos de teste amplamente disponíveis, confiáveis e rápidos. Infelizmente, os métodos de triagem atuais, como a reação em cadeia da polimerase, não satisfazem esses requisitos. O professor conta que desenvolveu um método rápido para rastrear a inflamação respiratória em tempo real, e que o teste também pode ajudar a informar os médicos se o paciente tem uma chance maior de contrair COVID-19.
Na prática, esse teste ROS é feito retirando uma amostra do escarro do paciente: ele respira fundo e segura por cinco segundos, então expira lentamente e repete essas etapas até tossir, cuspindo o escarro em um tubo. Cada amostra individual é testada usando sonda, e os resultados são exibidos no monitor após 30 segundos.
O sistema consiste em um monitor integrado que se conecta a uma sonda, que possui um sensor descartável localizado em cima dela. O sensor na parte superior da sonda é fabricado com nanotubos de carbono de várias paredes, que ficam na ponta de várias agulhas de aço. As agulhas são organizadas em três eletrodos. “A ferramenta é portátil, o que permite que o dispositivo seja utilizado livremente por flebotomistas e médicos em laboratórios ou clínicas. O software programado no aparelho foi desenhado para analisar os dados e fornecer um diagnóstico em menos de 30 segundos”, conta o pesquisador.
Ele disse ao IEEE que o primeiro desafio foi calibrar o sensor em correlação com a presença e gravidade do COVID-19 nos pacientes. “Conduzimos um estudo e testamos mais de 100 pessoas para entender melhor as diferenças entre COVID-19 e outros tipos de doenças respiratórias. Descobrimos que em algumas doenças respiratórias, como asma e pneumonia aguda, há um aumento de ROS. A gripe sazonal, por outro lado, induz uma redução nos níveis de ROS no sistema imunológico e suprime certa depuração bacteriana [o efeito de um medicamento nas bactérias”, relata.
O outro desafio mencionado pelo professor foi o de coletar dados suficientes para calibrar o sensor. “Foi um desafio encontrar participantes para o estudo devido às restrições de quarentena e ao perigo de trabalhar com os casos infectados. No final, fomos capazes de testar o sensor em mais de 300 participantes, casos COVID-19 confirmados e casos negativos”, acrescenta.
Fonte: IEEE Spectrum