Maria Cotrim

Esta quinta-feira, 20, foi dia de desabafos na Assembleia Legislativa. Mas desabafos para quem? Os deputados vivem dois lados: o lado super sincero da sala vip e o de “nobres parlamentares” do plenário. Estas duas faces estão expostas nesta polêmica do concurso da Assembleia Legislativa.

Desde o início da polêmica, acompanho de perto as discussões dentro do plenário, onde poucos falam abertamente sobre o assunto, e conversando de pé de ouvido escuto com riqueza de detalhes os bastidores que nenhum deles pode falar abertamente. Em entrevista  deputado  Elenil da Penha disse que há “dinossauros” que querem suspender o concurso, possivelmente se referindo ao deputado José Bonifácio, autor da polemica e que pediu a suspensão do certame.

Bonifácio já tem a fama do palavriado solto e disse que o certame é “para apaziguados”. O parlamentar chegou a dizer que não vai deixar ninguém de sua família fazer o concurso se este edital atual prevalecer. Abertamente os deputados dizem que é preciso avaliar os detalhes, os salários e tal…

O novo presidente da Casa, Mauro Carlesse não quis gravar vídeo com nossa equipe sobre o assunto e disse que prefere esperar porém é contra abertamente.

Uma deputada chegou a dizer que o discurso é um absurdo e que também não permitirá que familiares façam em razão dos questionamentos. A parlamentar conta que a empresa contratada para o certame é acusada de problemas no certame em Brasília. O assunto é notícia nos grandes veículos nacionais.

Há dúvidas também sobre o conteúdo do concurso que não tem inclusive a História do Tocantins.

Do questionamento aos salários até á contratação da empresa ( considerada sem transparência por parte de alguns deputados) os parlamentares se dividem na argumentação com relação ao certame. Na sala vip o papo é outro. Lá, conforme dois deputados contaram, o papo é reto e sem papas na língua.”Da salinha só sai merda, aqui no plenário somos todos excelência”, desafabou um deles na tribuna da imprensa hoje em alto e bom tom.

Um aliado do novo presidente questionou o fato do certame ser feito no fim do mandato do Damaso. “O certo seria no novo mandato”, alega.

A pressão dos deputados no presidente Damaso não está fácil, até os membros da mesa diretora estão divididos. O atual presidente faz a linha tranquilo, responde do seu jeito todos os questionamentos e disse hoje que as despesas serão menores com os concursados e que os novos efetivos demorarão 29 anos para chegarem nos salários dos atuais.

Antes da sessão, rodas de conversa dos deputados! Em plenário ao invés de sessão muitas dúvidas e questionamentos de todas as partes. De volta á sala vip mais questionamentos e um deputado dispara: ” Lançaram o dia do início das inscrições sem edital publicado, nunca vi isso”, questionou um parlamentar.

A falta de diálogo para o certame  também irritou alguns parlamentares.”O povo de Araguaína me perguntando se vai ter concurso e eu disse que não sabia, no outro dia acordo com o edital bem ali na minha cara e eu sem saber de nada”, disse um parlamentar de Araguaína.

Tem deputado que nem quer participar mais das reuniões porque argumenta estar cansado da postura dupla dos parlamentares. Um deputado chamou um outro e presenciei ele responder: ” Pra sala vip? Não, meu amigo, temos que discutir é aqui agora!”, disse.

O Ministério Público Estadual recomendou que o concurso seja feito para sanar a situação funcional da Assembleia e disso ninguém tem dúvida mas: como? quando? e com consenso ou sem consenso?

O Concurso vem após iniciativa do deputado Ricardo Ayres de criar comissão para tentar realinhar os salários de todos os poderes. O parlamentar foi alvo até de campanha negativa por parte dos servidores já que o estudo feito comparando os salários chegou a mostrar variação de mais de 3000% nos salários em todas as esferas estaduais.

Nas redes sociais clima de revolta. Muitos concurseiros que aguardavam ansiosos pelo certame e aguardar o desenrolar. O fato é que as inscrições estão abertas e já teve até retificação no edital com relação ás vagas para procuradores que cairam de seis para três.

Concurseiros questionam os argumentos dos deputados com relação aos salários e querem saber porque tem excelência querendo baixar os salários. No watsapp tem post contra os deputados que assinaram o decreto que pede a suspensão. São eles:  José Bonifácio, Toinho Andrade, JOsé Roberto, Cleiton Cardoso, Junior Evangelista, Luana Ribeiro, Eli Borges, Valderez Castelo Branco, Mauro Carlesse e Eduardo do Dertins.

Para encerrar fica o questionamento de um deputado: “Se a Casa não vai demitir comissionados, como podemos ter certeza de não nos desenquadramos novamente?”, falou se referindo á atual situação financeira da Casa de leis. O interesse maior que deve prevalecer no concurso é o da transparência e a necessidade urgente de provimento de vagas efetivas como já apontou e recomendou o MPE.

Dentre a acidez da sala vip e o fogo brando do plenário a novela deste concurso aguarda desfecho.

E o povo se pergunta: E aí habemus concurso?