Agora uma notícia surpreendente. Na última quinta-feira um grupo de investidoras anunciou ter chegado a um acordo para a compra da Weinstein Company por cerca de 500 milhões de dólares.
Acusado de ter assediado sexualmente mais de 70 mulheres, o ex-produtor norte-americano Harvey Weinstein foi varrido de Hollywood após as denúncias e recentemente assistiu ao decreto de falência de uma de suas maiores empresas.
Maria Contreras-Sweet, líder no processo de compra e que fez parte do governo Obama, explicou os novos rumos da companhia.“Lançamos uma nova companhia, com uma nova direção e uma visão que respeita os princípios que expusemos desde o início deste processo no outono passado.”
De acordo com o site Deadline, a diretoria da empresa será composta em sua maioria por mulheres, que entre outras coisas vão ser responsáveis pela escolha de um novo nome para a produtora. Para Contreras-Sweet, além de trazer uma visão mais inclusiva para a indústria cinematográfica, o salvamento da companhia preserva o trabalho de centenas de pessoas.
“Os princípios a que me refiro são de construir uma direção liderada por mulheres independentes, salvar em torno de 150 empregos, proteger pequenos empregos e a vida de pessoas atingidas por esta violência.”
Para a efetivação e aprovação do contrato pelo Procurador-Geral de Nova York, Eric Schneiderman, um fundo de compensação às vítimas de violência sexual foi criado pelo grupo de investidoras. Sobre o assunto, Schneiderman explicou a sua intenção de facilitar a transação e o apoio e proteção aos funcionários.
“Como deixei claro desde o início, nós vamos apoiar um contrato que garanta a indenização devida para vítimas e a preservação das carreiras das funcionárias. Por fim, os responsáveis pela conduta indevida na empresa não serão recompensados injustamente,” finalizou.
Além de garantir o compromisso das novas acionistas majoritárias, o procurador reafirmou a continuidade dos processos judiciais e das investigações sobre o tema.
“Nós estamos satisfeitos pela parceria com uma empresa comprometida com o fundo e a implementação de novas polícias de recursos humanos que não beneficiem maus atores.”
#MeToo e Time’s Up
Como se sabe, nos últimos meses as discussões sobre abusos sexuais cometidos em Hollywood tomou conta das manchetes e o que não faltam são nomes de peso envolvidos em denúncias. Dois dos mais conhecidos são protagonizados por Kevin Spacey – demitido do seriado House Of Cards por ter assediado colegas de cena e Woody Allen, há décadas acusado de abuso sexual pela filha, Dylan Farrow, fruto da relação de 12 anos com a atriz Mia Farrow.
Como esperado, na 90ª edição do Oscar, o tema foi destaque na fala de diversas atrizes representantes do movimento Time’s Up, como Ashley Judd, que destacou os avanços no cinema.
“As mudanças que estamos testemunhando são lideradas por novas e poderosas vozes, diferentes, nossas vozes, que estão se unindo em um grito que diz basta. Nós trabalhamos juntas para nos assegurar que os próximos 90 anos sejam de possibilidades ilimitadas de igualdade, diversidade, inclusão e interseccionalidade. Foi isso que este ano nos prometeu.”
A vencedora do prêmio de Melhor Atriz por Três Anúncios Para Um Crime, Frances McDormand, fez um discurso forte pedindo igualdade e direitos.
“Todas nós temos histórias para contar e projetos para financiar. Não venham falar conosco sobre isso na festa hoje. Convidem a gente para ir até seus escritórios daqui alguns dias. Ou vocês podem ir aos nossos. O que encaixar melhor pra vocês. E, então, contaremos tudo sobre eles (os projetos).”
Fonte: Hypeness