Anitta terá que passar por uma cirurgia por causa da endometriose, doença crônica que afeta uma a cada seis mulheres na idade reprodutiva no mundo todo. Em seu perfil no Twitter, a cantora descreveu muito do que tem passado, inclusive sobre as fortes dores que sente há anos.
Sua sequência de tweets foi muito importante para várias outras mulheres, que compartilharam suas experiências em resposta na rede social, destacando particularidades do problema. A endometriose é foco de muitos estudos e debates, inclusive na Câmara dos Deputados, como aconteceu esta semana, por exemplo, em uma audiência sobre o ensino da doença nos cursos de medicina no Brasil.
O que é a endometriose
A endometriose é uma doença inflamatória provocada por células do endométrio – tecido que reveste o útero, sensível às alterações do ciclo menstrual e onde o óvulo se implanta depois de fertilizado. Quando não há fecundação, boa parte do endométrio é eliminada durante a menstruação, e o que sobra volta a crescer – o processo todo se repete a cada ciclo.
A doença surge quando, em vez das células serem expelidas durante a menstruação, elas se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e a sangrar. Qualquer órgão da pelve (na cavidade abdominal, bacia) pode ser acometido pela doença, que se instala nos ovários e pode provocar o aparecimento de um cisto denominado endometrioma.
Muita dor e problemas para engravidar
Este cisto pode atingir grandes proporções e comprometer o futuro reprodutivo da mulher. Outros órgãos também podem ser acometidos, como: parte do intestino grosso (reto e sigmoide), bexiga, apêndice e vagina. A endometriose pode ser assintomática, mas quando os sintomas aparecem, há muita dor.
Principalmente, há dor durante as relações sexuais e dor em forma de cólica (com sangramento intestinal e urinário) durante o período menstrual. A cólica menstrual, com a evolução da doença, aumenta sua intensidade e pode fazer com que a mulher não consiga exercer suas atividades habituais. Como Anitta disse em um dos tweets (ao mesmo tempo em que reforçava a importância de ir atrás de informações sobre a endometriose):
Eles diziam que a higiene era muito importante. O uso de preservativo. Urinar após a relação. Beber muita água. E outras coisinhas que eu nos meus 9 anos de sofrimento já estava cansada de escutar.
— Anitta (@Anitta) July 8, 2022
A doença também causa muita dificuldade de engravidar (a infertilidade está presente em cerca de 40% das mulheres com endometriose). Há ainda a endometriose profunda, sua forma mais grave, com causas ainda não estabelecidas – que pode ter a ver com parte do sangue refluindo através das tubas uterinas durante a menstruação e se depositando em outros órgãos, ou com causas genéticas.
Diagnóstico
O primeiro passo para o diagnóstico é realizar o exame ginecológico clínico. Nele, a confirmação ocorre por exames laborais e de imagem, sendo: visualização das lesões por laparoscopia, ultrassom, ressonância magnética e um exame de sangue chamado marcador tumoral CA-125 (que se altera nos casos mais avançados da doença). Então, o diagnóstico de certeza ocorre após a realização de uma biópsia.
Tratamento
Para o tratamento da endometriose, mulheres mais jovens podem fazer uso de medicamentos que suspendem a menstruação. Em caso de lesões maiores da doença, em geral, é necessário realizar cirurgia – e há casos em que a mulher pode remover os ovários e o útero como alternativa de tratamento.
De qualquer forma, a regressão da endometriose acontece espontaneamente com a menopausa. Isso por causa da queda na produção dos hormônios femininos e fim das menstruações. Mas é importante não tratar a cólica menstrual como algo normal e procurar a ginecologista para quaisquer dúvidas.