Acontece na próxima quarta-feira, 23, em Palmas, uma oficina gratuita de Cultura norteada pelo Panorama Setorial da Cultura Brasil, uma pesquisa sobre hábitos do setor no país. Contemplado por três edições, sendo a ultima lançada agora no final de 2018, o PSCB é peça fundamental para organização e planejamento da cultura brasileira.
Além de acesso gratuito de toda a pesquisa pelo site http://panoramadacultura.com.br/, esta terceira e ultima edição também contempla oficinas gratuitas de Cultura em diversas capitais do país, para produtores, artistas, pesquisadores, jornalistas, investidores e toda cadeia produtiva da Cultura.
Na capital, a oficina acontece no auditório do Bloco IV, da Universidade Federal de Tocantins, com quatro atividades, entre 9h e 20h. O interessado pode se inscrever em quantas atividades quiser, de uma até quatro. As inscrições podem ser feitas pelo link – https://goo.gl/ekJVND.
Confira programação
Atividade 1
Com Gisele Jordão (9h às 12h): Apresentação das três edições da pesquisa Panorama Setorial da Cultura Brasileira
Atividade 2
Com Renata Allucci (13h às 15h30): Oficina de capacitação em gestão e produção executiva de atividades culturais, usando como base teórica os estudos realizados nas 3 edições do PSCB;
Atividade 3
Com André Deak (15h30h às 18h): Oficina de capacitação em distribuição e divulgação de atividades culturais;
Atividade 4
Com Leo Birche (18h às 20h): Evento-aula sobre a viabilização das atividades culturais e do papel dos agentes viabilizadores na cadeia produtiva da cultura brasileira.
Panorama Setorial da Cultura Brasileira
A indústria criativa está entre os mais dinâmicos setores do comércio mundial, segundo relatório lançado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento. Sua atividade econômica, a chamada economia criativa, é considerada eixo estratégico de desenvolvimento para diversos países e continentes. No Brasil, em âmbito federal, o Ministério da Cultura criou a Secretaria da Economia Criativa, no intuito de incentivar as instâncias produtivas do setor cultural e encaminhar políticas e diretrizes para seu desenvolvimento. Mas, e os agentes dessa cadeia produtiva cultural brasileira, estão preparados para os novos, e até mesmo velhos desafios do mercado cultural? Quais são suas fontes de informação e referências para se organizarem dentro do setor? A busca por respostas a essas questões foi determinante para a elaboração do Panorama Setorial da Cultura Brasileira, agora em sua terceira edição.
O projeto tem como objetivo principal disponibilizar informações de qualidade, pioneiras e inovadoras para o setor cultural, além de facilitar o planejamento de atividades dos atores dessa cadeia produtiva, ou seja, os agentes (artistas, produtores e fornecedores), viabilizadores (iniciativa privada e governo), difusores (pontos de distribuição de produtos culturais e divulgadores) e o público consumidor. Foi elaborado como um projeto de pesquisa de mercado, com recorte na economia da cultura. Sua primeira edição, lançada em 2012, ouviu tanto produtores como investidores da cultura, da iniciativa privada e governo. A segunda edição, lançada em 2014, investigou o público brasileiro e suas motivações para consumir cultura. E agora foi lançada a pesquisa realizada no biênio 2017-2018 desvendando aspectos dos difusores culturais, ou seja, aqueles que distribuem e divulgam a cultura nos ambientes físicos e digitais.
Com os resultados da pesquisa atual, chama a atenção como a influência pode ser caracterizada de acordo com a sua dinâmica. Propõem-se, nessa pesquisa, três tipos. Um é exercido pelos algoritmos: a quantidade de pessoas que consumiu um determinado produto artístico torna-se determinante para que outras consumam, ou não, o mesmo produto. Outro tipo é constituído por pessoas que valorizam a legitimidade, o domínio de conhecimento e informação, como por exemplo, dos críticos, jornalistas, curadores ou pessoas que tenham o conhecimento aprofundado daquela linguagem artística. E, finalmente, a influência exercida pelas afetividades, quando as pessoas são mobilizadas pelos sentimentos de amigos e pessoas próximas.
Com base na observação desses tipos de influência encontrados, foram verificadas quatro maneiras de se comportar em relação à difusão da cultura no Brasil, todas estruturadas pela forma do brasileiro buscar informação. A primeira forma que se delineou foi a de quem escolhe sua atividade cultural pelo número de pessoas que já experimentou determinada prática artística. Representam 10% da base de consumidores de cultura. A segunda forma é a de quem se pauta pela indicação de amigos e divulgações oficiais, além de pouco se orientar por redes sociais, sites e TV. É o que menos se envolve em práticas culturais, e representam 45% dos brasileiros.
A terceira forma parece ser a prática de consumidores mais “antenados”. Orienta-se por cadernos de cultura e sites especializados, e são os que mais realizam práticas culturais. Representam 17% da base de consumidores. E, finalmente, a quarta forma de buscar informações, estabeleceu-se em uma faixa etária específica: é o perfil mais jovem de todos. Orienta-se prioritariamente por redes sociais e programas de TV, escolhe as práticas culturais mais como entretenimento, ou seja, “para esquecer dos problemas”, “se divertir”, e possui baixo consumo de práticas artísticas em geral. Esse grupo representa 28% dos entrevistados.
A pesquisa abrangente e altamente fundamentada é ferramenta indispensável à toda cadeia dos agentes culturais brasileiros, do artista e produtor, passando pelos patrocinadores e fomentadores, até o consumidor final. Sua abordagem multimetodológica foi composta por coletas desk research, qualitativas e quantitativas, realizadas em território nacional, nos anos de 2017 e 2018. As análises de dados compuseram-se por meio das técnicas baseadas em proposições teóricas e empíricas por meio de análise de conteúdo, estatística descritiva, fatorial e de cluster. Foram entrevistadas na pesquisa quantitativa a população brasileira e, na qualitativa, curadores de arte, de festivais de múltiplas linguagens, jornalistas e estrategistas digitais. O projeto levanta, cruza e analisa dados, aponta caminhos possíveis , interliga informações, une pontas fundamentais para a compreensão da produção cultural no Brasil e instrumentalização de seus agentes.
Gisele Jordão, coordenadora do projeto, é pesquisadora especialista em artes. Graduada em Comunicação Social, mestre em Gestão Internacional, doutora em comunicação e práticas de consumo (ESPM-SP). É coordenadora do curso de cinema e audiovisual da ESPM São Paulo e professora dos cursos de propaganda e administração, desde 1999. A partir de 1993, como sócia da 3D3 Comunicação e Cultura, é responsável pela pesquisa e desenvolvimento de estratégias de gestão cultural e ampliação do acesso à cultura, bem como o fomento de expressões artísticas. Valores como a comunicação consciente e a sustentabilidade tem pautado seus últimos anos de experiência. Desde o início de sua carreira, realiza pesquisas de comunicação no intuito de compreender formas para a ampliação da participação e da relevância da produção cultural.
Fonte: Assessoria de Comunicação