Especial: Jornalista Brener Nunes – Gazeta do Cerrado

Em sessão na manhã desta quarta-feira, 15, na Câmara Municipal de Palmas, diversas ONGs e movimentos sociais, indígenas e ambientais acompanham de perto a discussão sobre o perigo da contaminação por agrotóxicos das sete nascentes na região do Ribeirão Taquaruçu Grande, e lutam pela criação do Parque das Águas. Dos 19 vereadores, apenas nove estão presentes em plenário.

A Gazeta conversou com alguns representantes de movimentos sociais presentes.

O advogado dos movimentos, Diego Rodrigues da Silva, conta a gravidade que isso implica para toda a população palmense. “É impossível você recuperar água uma vez degradada. Foi apresentado um estudo feito pela nossa equipe, onde se constata uma série de irregularidades, é um ecossistema muito sensível para suportar a soja. Como um órgão ambiental autoriza plantação de soja numa área tão sensível como essa?”, destaca o advogado.

A irmã Maria Eugênia Ribeiro Silveira, representante da Rede Eclesial Panamazonica (Repam), afirma que devemos lutar contra a degradação que a cultura da soja está causando a esta região. “É necessária a paralização da utilização de agrotóxicos nessa áreas. É crime contra a natureza é crime contra nós mesmos, um crime contra Deus. Exigimos dos órgãos fiscalizadores que exerçam suas funções”, relata.

(Foto: Brener Nunes/Gazeta do Cerrado)

Mafalda Lima Souza, representante do Conselho Indianista Missionário (CIMI), diz que o problema é de todos. “Esse problema é nosso, de cada um nós. Só nós sabemos como é a falta de água, nós passamos necessidade de outras coisada, mas a água é mais difícil recuperar.”, afirma.

“Quero pedir que nos engajemos nessa luta, não só os movimentos sociais, essa luta é de cada um de nós. Nós vimos os danos que os agrotóxicos causam em nossa vida. É a nossa água que está sendo poluída”, complementa.

A representante da Federação das Associações Comunitárias e de Moradores do Tocantins (Facomto), Doresmar R. Dos Santos, durante discurso, afirmou que “vamos lutar contra a poluição, se toda a sociedade lutar junto vamos conseguir defender as nossas águas”.

Representando os povos indígenas, Elza Xerente, fez um discurso breve e emocionante. “Queria falar para vocês que ninguém vive sem água, nem os vereadores que estão, como vamos fazer comida para nossas crianças. Isso prejudicou diretamente os povos indígenas, ficamos sem água, até nossa cisterna secou. Peço a vocês, não destruam a água, quero To vendo que tá acontecendo com o Taquaruçu.”, disse.

“Nós, indígenas valorizamos muito o que Deus deu para nós, não é para destruir não. Peço a vocês, reorientem a natureza que Deus deu para nós”, concluiu.

(Foto: Brener Nunes/Gazeta do Cerrado)

Fernando Amazônia, representante da EcoTerra, organização que luta pela natureza há 23 anos em Palmas e no Tocantins, destaca que estão aqui para defender as águas do Ribeirão Taquaruçu Grande. “Água é vida, é um direito comum a todos, não pode ser usada de forma discriminada. Água não é objeto, tem que ser usada com respeito. Toda a biodiversidade ali depende do Ribeirão. A gente sabe que tem interesses privados ali”, afirmou.

Fernando também falou um pouco da luta pela criação do Parque das Águas. “É uma alternativa dos movimentos para preservar as nascentes do Ribeirão Taquaruçu por conta da contaminação do plantio de soja. Queremos que essas nascentes sejam um Parque das Águas”, finaliza.

Cartazes em defesa das nascentes estão espalhadas por toda a Câmara: “O agrotóxico é um perigo para a natureza e para nós”. Outro diz: “A natureza não é objeto e nem mercadoria, é vida e tem direito de existir”.

(Foto: Brener Nunes/Gazeta do Cerrado)