Texto: Nielcem Fernandes

Edição: Brener Nunes

(Foto: Nielcem Fernandes)

(Foto: Nielcem Fernandes)

Durante a coletiva convocada pela Secretaria de Segurança Pública do Tocantins (SSP/TO) na tarde desta sexta-feira, 20, para falar sobre os resultados da Operação Luz da Infância que prendeu em flagrante 82 pessoas em 17 estados, acusadas pelo Ministério da Justiça e Cidadania de disseminar pornografia infantil e pedofilia na internet. A delegada titular da Delegacia de Repressão Crimes Cibernéticas (DRCC) Dra. Milena Lima, esclareceu que os alvos dessa operação não são pessoas que baixaram esse tipo de conteúdo aleatoriamente. “No caso de conteúdo significativo de pedofilia envolvendo crianças e adolescentes em cenas de sexo explícito ou pornografia existe uma frequência de downloads feitos pelos alvos investigados. Esse conteúdo não foi baixado por equívoco ou aleatoriamente”, lembrou a delegada.

De acordo com as informações da delegada titular da DRCC, os suspeitos foram monitorados durante a investigação que durou seis meses para verificar a quantidade de conteúdo de pedofilia que estavam sendo baixados e compartilhados.

Ao todo,  participaram da operação Luz da Infância, no Tocantins, mais de 60 agentes da Polícia Civil para cumprir seis mandados de busca e apreensão, sendo que um deles para duas residências diferentes. Os mandados foram realizados nas cidades de Ponte Alta e Palmas. Dra. Milena esclareceu que quatro dos mandatos foram executados em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e outros dois eram alvos de investigação da própria Polícia Civil por outros crimes ainda mais graves.

O saldo da operação em solo tocantinense resultou na autuação três pessoas em flagrante e uma confissão. Outro indivíduo que confessou o crime foi levado a DRCC para prestar esclarecimento e foi liberado em seguida por não ter sido configurado o flagrante. Das três prisões uma aconteceu em Ponte Alta e duas na Capital. “A investigação precisa amadurecer um pouco mais pra podermos passar maiores detalhes. Nós já temos três situações de flagrante, mas nos outros casos nós temos que tratá-las como inocentes até que se prove o contrário, por isso estamos evitando divulgar os nomes dos envolvidos”, ressaltou a delegada.

A delegada afirmou que todos os quatro casos investigados pela DRCC em parceria com a SENASP apresentam pessoas do sexo masculino de perfis sociais e econômicos diversos. “Tem estudante, empresário, pessoas de nível social com conhecimento mais elevado. Na realidade hoje em dia, o conhecimento da internet independe da classe social, e a pedofilia não está associada a qualquer tipo de classe”, disse.

Questionada sobre a identificação da  participação de crianças e adolescentes do Tocantins no material apreendido a delegada negou. “Não temos a confirmação de que há vítimas reais aqui do Tocantins. Temos material produzido tanto dentro como fora do Brasil, inclusive materiais reconhecidos internacionalmente como conteúdo específico para a pedofilia, inclusive encontramos um vídeo bastante chocante que ensina a pessoa o que fazer para se tornar um pedófilo. O vídeo ensina como aliciar uma criança, o que ele deve falar para a criança como abordar. São imagens muito chocantes”, pontuou.

As investigações apontaram para o uso de uma conexão P2P (P2P ou peer-to-peer, e a designação para redes de computadores onde cada um dos pontos ou nós da rede funciona tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central) por parte dos envolvidos com o crime de pedofilia para baixar e compartilhar conteúdo o que dificulta a identificação da disseminação do conteúdo de pedofilia.

A política pública adotada pela DRCC para combater a pedofilia, gira em torno da informação e conscientização da população. “Muita gente não tem conhecimento que se ela receber e baixar um conteúdo de pedofilia está cometendo um crime. Quem baixa comete um crime e quem compartilha comete um crime pior ainda. Muita gente não sabe que pode até ser presa em flagrante por armazenar esse tipo de conteúdo”, alertou a delegada.

Para encerrar, Dra. Milena também esclareceu a melhor maneira de denunciar esse tipo de crime às autoridades “no site da SSP nós criamos um e-mail específico para esse tipo de denúncia [email protected]. Eu prefiro, e até aconselho a população que não baixe esse tipo de material e não compartilhe mesmo que você se sinta revoltado com aquele vídeo ou aquela foto na intenção de identificar o criminoso. Não façam isso, pois estarão cometendo um crime! Procure a polícia ou a delegacia de central de flagrantes, geralmente sou bastante acessível quem quiser me procurar eu atendo e minha equipe é estruturada para passar todas as informações necessárias”, finalizou.

Entenda

As polícias civis de 17 estados prenderam 82 pessoas na manhã de hoje (20) durante a megaoperação Luz na Infância, de combate à pedofilia, feita em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. As prisões foram em flagrante, resultantes do cumprimento de 92 mandados de busca e apreensão em 24 estados e no Distrito Federal.

Segundo o Ministério, os presos em flagrante são suspeitos de disseminar pornografia infantil e pedofilia na internet e, em alguns casos, eles eram também os responsáveis pela produção do material.

A operação é considerada uma das maiores do mundo no combate à pedofilia e envolve 1,1 mil policiais. O trabalho de investigação durou seis meses. A Diretoria de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública contou a colaboração da Embaixada dos Estados Unidos.

Até o momento, foram presas quatro pessoas no Distrito Federal, uma no Espírito Santo, oito em Goiás, duas no Maranhão, oito em Minas Gerais, duas no Pará, duas na Paraíba, duas em Pernambuco, seis no Pará, duas no Rio de Janeiro, uma no Rio Grande do Norte, duas em Rondônia, oito no Rio Grande do Sul, três em Santa Catarina, três em Sergipe, 25 em São Paulo e duas em Tocantins.