Meados de setembro do ano passado ao visitar um grande amigo, amigo dos tempos de UFG em São Sebastião (DF), já dei o recado a ele que reservasse minha vaga em sua casa, pois lá estaria para a posse de Lula. Em setembro, eu disse. E, assim, passou o primeiro turno das eleições; nós na crença de que venceríamos logo no primeiro turno, não deu. Veio o segundo, vencemos. Lula, presidente confirmado nas urnas para seu terceiro mandato com quase 60 milhões de votos!

Final de ano se aproxima, vem recesso, escalas no serviço e eu sempre de olho na agenda para estar no DF na posse de Lula, em primeiro de janeiro de 2023.

Organizei, usei folga da Justiça Eleitoral para conseguir “casar” Natal em Palmeirópolis com minha mãe e ano novo no Distrito Federal, como de praxe, em outro lugar fora da minha pequena urbe tocantinense.

Acertei tudo: carona de ida para o interior, com minha amiga Marilene Correia. Carona de Palmeirópolis com um amigo que mora no DF, Adriano Godói, que passaria também o natal na nossa pacata cidade; mas que logo voltaria para sua residência em Brasília.

Seguimos no dia 28 de dezembro pra o DF. Lá, já na casa do Arquimedes Paiva, nos organizamos para nossa virada de ano na chácara da qual eu já havia garantido minha estadia. E quase todos com desejo de descermos para o plano para assistir e participar da posse.

Ao acompanhar os noticiários e informações sobre a posse de Lula, percebemos que haveria limitação de participantes no evento por questão de segurança. Ou seja, quando atingisse um número “X” de pessoas, não entraria mais ninguém, só sairia.

Brasília – Google Imagens

No decorrer da manhã alguns foram desanimando ao ver que o sol estava escaldante. E, ao abrir o celular, ouvi mais uma vez uma fala da minha mãe pedindo que eu não descesse para posse, pois o coração dela estava pedindo. Já havia ouvido seu pedido anteriormente, sem titubear relatei a questão para o único amigo que ainda estava animado em ir na posse. Claro, ele compreendeu e concordamos que, quando mãe fala, a melhor coisa é obedecer.

Mãe parece ter inúmeros sentidos, que é não dar ouvido que você dança. E dança mesmo! Por ter dançado outras vezes por não ouvi-la, resolvi que não iria mais ao tão esperado e sonhado evento, O Festival do Futuro da posse do nosso “bom velhinho”, Luiz Inácio Lula da Silva.

De volta pra casa, cá estou eu sendo cobrado pelos amigos e amigas por que não tirei fotos na posse de Lula, que tanto disse que estaria por lá. Não as tenho porque não fui. Não fui, mas senti a energia solar daquele domingo lindo com nuvens brancas e um calor que me fazia sentir em Palmas. Não fui, mas o sentimento de alívio é contagiante assim como também o reacender na esperança de dias melhores para nosso país. Não fui, mas o coração pulsa. E pulsa ao saber que um novo Brasil é possível com respeito às leis acima de tudo. Esperançar é preciso, viver não.

 

Cláudio Carvalho Bento é Bel. em Direito pela Unitins, Cientista Social pela UFG e um tocantinense sonhador.