A eleição de 2020 será uma eleição de decisões difíceis de serem tomadas por quem se dispuser a disputá-la. A dificuldade acontece por causa da atual conjuntura politica brasileira. Após as eleições de 2018 em que quase todas as previsões dos analistas políticos foram contrariadas nas urnas, uma pergunta insiste em martelar na cabeça dos pré-candidatos ao paço municipal: qual a melhor forma de fazer campanha em 2020?
Esta é uma dúvida justa, que os coloca diante de um dilema: Devem acreditar, ainda, no método tradicional em que precisam ganhar musculatura atraindo partidos tradicionais e políticos, considerados, “de peso” em torno de seu nome ou devem apostar, somente, na força que as plataformas digitais demostraram na ultima eleição, considerando que muitos dos políticos considerados “de peso” ficaram sem mandato enquanto o atual presidente foi eleito usando exatamente a força dessas plataformas.
Antes é preciso lembrar que nenhuma eleição é igual à outra, mas que cada eleição oferece lições que devem ser aprendidas. E, em minha opinião, a lição que devemos aprender sobre a eleição de 2018 é de que ela esteve para as arenas digitais, aqui no Brasil, da mesma forma que a eleição de 1989 esteve para a televisão. O pêndulo da relevância saiu de um lado e foi para o outro e isso não pode ser subestimado. Mas assim como em pós 1989 os partidos continuaram a ter força nas eleições seguintes, afinal não se disputa eleição sem eles, isso não pode ser desprezado em 2020.
Em relação a atrair partidos tradicionais e políticos de “peso”, a própria atração em si já demostra musculatura, pois há um ditado que diz que o rio corre para o mar não para a lagoa, ou seja, nenhum politico que tenha um bom capital politico vai orbitar em torno de quem não tenha musculatura o suficiente para uma disputa eleitoral. Já em relação aos partidos, não podemos nos esquecer de que eles são compostos por pessoas, então atrair um partido significa também atrair pessoas e pessoas são atraídas por boas ideias e propostas claras.
Quanto à cultura digital, embora seja arriscado fazer previsão porque as coisas mudam muito rápido, é possível afirmar que a digitalização e a “datificação” vieram para ficar. Em qual plataforma, ainda não sabemos, pois as atuais são apenas a ponta de um ecossistema digital em constante ampliação. O que sabemos é que há um fluxo grande entre as várias plataformas, então nenhuma delas deve ser considerada irrelevante. A informação tem que circular de uma plataforma para a outra. Por exemplo, a informação que está no Twitter pode ser transformada em conteúdo para o Youtube, para o WhatsApp, Facebook, Instagran, etc. Não é publicar o mesmo conteúdo em várias plataformas, é produzir conteúdos com a mesma informação aproveitando as potencialidades de cada plataforma.
Então, ao invés de “fundir a cuca” pensando nisso, se organize, ganhe espaço dentro de seu partido, ganhe a militância do seu partido é ai que a musculatura começa a ser criada. Quanto à campanha, tem que ser um olho no peixe outro no gato, ou seja, uma dobradinha entre as plataformas digitais e a rua. Utilizar as potencialidades delas para construir imagem, se expressar, sentir o pulso, descobrir tendências e formar uma militância digital que seja capaz de mobilizar também as ruas. É isso.
Carlos Oliveira
Publicitário, especialista em Marketing Digital e Mestrando em Comunicação e Sociedade pela UFT.