Na Supermoon Bakerhouse, uma nova pâtisserie que fica no Lower East Side de Nova York e parece uma nave espacial, uma fila de seres humanos ansiosos costuma serpentear porta afora. Lá dentro, as estrelas do espetáculo estão dispostas em um longo balcão de terrazzo veneziano com tons corais que parece uma fatia de mortadela: croissants coloridos e recheados com diversos ingredientes, alinhados em uma disposição fotogênica e ideal para o Instagram.
Tem o croissant doce com listras cor de esmeralda, de chocolate com hortelã, com recheio de creme de hortelã com pedaços de chocolate, e o ganache cremoso, adornado com pedacinhos de açúcar com menta. Tem o croissant de banana split, que vai duas vezes ao forno e parece explodir com bananas inteiras caramelizadas com o método sous-vide, caramelo derretido de banana e um merengue grudento maçaricado. Tem o croissant vermelho vivo de lichia, com um recheio que parece uma geleia e uma cobertura de lascas de morangos secos.
Se esses croissants alienígenas parecem diferentes de tudo o que você já ouviu falar, bom, a intenção é essa. Como as rosquinhas mutantes e exageradas os precederam – uma tendência que, segundo a editora de alimentos da Bloomberg, deve ser interrompida -, os croissants são o mais recente item da padaria a ser revolucionado pelas redes sociais.
A Supermoon Bakehouse é uma ideia de Ry Stephen, um nativo de Melbourne que chegou a Manhattan por meio de outro estabelecimento de croissants, Mr. Holmes Bakehouse, de São Francisco, que ele ajudou a fundar em 2014. Foi lá que, um ano mais tarde, a receita de Stephen do cruffin – um híbrido de croissant e muffin – foi roubada em um assalto no meio da noite. A esse ponto chegou a loucura pela pastelaria hoje em dia.
Treinado na L’ecureuil, uma padaria parisiense atualmente extinta, Stephen acabou decidindo se dedicar aos croissants porque admirava sua adaptabilidade e complexidade. “É um desafio enorme todos os dias”, disse ele, mas, uma vez dominado, o croissant “definitivamente se presta bem à experimentação”.
É impossível apontar precisamente quando a tendência começou – afinal, os croissants existem há quase dois séculos -, mas a loja de croissants exagerados de Stephen não é uma exceção. Na verdade, é apenas um único exemplo de uma crescente obsessão global com os croissants e com suas variações. Talvez elas tenham se originado em 2013 com o pioneiro desses Frankenstein de padaria, o Cronut de Dominique Ansel. Há um limite para a quantidade de híbridos que podem ser criados com os itens de padaria, disse Stephen. Agora, parece que os padeiros estão voltando a um território mais familiar.
“Nada mais tem mais um período de vida longo “, disse a personalidade culinária conhecida como Baker Doe, que – em consonância com as extravagâncias que estão dominando o meio dos croissants – mantém um ar de mistério em torno de sua verdadeira identidade. Os híbridos, segundo ele, não vão durar muito.
“As pessoas hoje em dia preferem cores e sabores intrigantes – qualquer coisa que dê certo no Instagram”, continuou ele. “Isto é o que eu vejo em minha experiência pessoal de negócios… a maioria das pessoas não se importa com um croissant amanteigado simples, e a maioria delas ignora o delicado processo necessário para criar exatamente esse item de aparência simples.”
Por Rachel Tepper Paley, da Bloomberg