O aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya - Foto - Fiocruz

O aedes aegypti é o transmissor da dengue e também da zika e chikungunya – Foto – Fiocruz

De acordo com dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil está perto de alcançar a marca de 100 óbitos por dengue. Após atualização neste sábado, o país tinha 94 mortes confirmadas e 381 em investigação.

Além disso, o número de casos já ultrapassa 555,5 mil, mais de um terço de todos os diagnósticos identificados em 2023 (1.658.816). O contabilizado em janeiro, por exemplo, foi 416% maior do que o registro do mesmo mês no ano passado.

Segundo projeções da pasta, o país deve chegar a inéditas 4,2 milhões de infecções até o fim 2024. A cifra preocupa especialmente pelo ano passado já ter sido o segundo pior ano da série histórica em relação aos casos – atrás apenas dos 1.688.688 de 2015 – e o com mais mortes já registrado, 1.094 óbitos.

Abaixo, confira quais capitais e estados do Brasil decretaram situação de emergência em saúde devido ao avanço da dengue e tire suas dúvidas sobre a campanha de vacinação inédita no Sistema Único de Saúde (SUS).

Quais os estados com maior incidência de dengue?

 

Segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde atualizados neste sábado:

DF tem maior incidência de dengue do Brasil

Unidade Federada Coeficiente de incidência Casos prováveis
Distrito Federal 2405,6 67.768
Minas Gerais 936,1 192.258
Acre 622,4 5.166
Paraná 512,6 58.660
Goiás 487,6 34.400
Espírito Santo 449,4 17.227
Rio de Janeiro 258,1 41.435
São Paulo 203,5 90.408
Santa Catarina 149,2 11.352
Amazonas 147,2 5.803
Amapá 131,7 966
Mato Grosso 119,1 4.359
Mato Grosso do Sul 98,8 2.723
Tocantins 76,2 1.152
Rondônia 59,1 934
Rio Grande do Sul 56,8 6.178
Bahia 50,7 7.166
Rio Grande do Norte 33,8 1.117
Pará 21,1 1.712
Piauí 21 686
Sergipe 19,7 436
Roraima 16 102
Paraíba 15,1 600
Pernambuco 13,8 1.253
Ceará 12,6 1.106
Alagoas 10,3 323
Maranhão 4,3 293

Quais lugares estão em emergência por dengue no Brasil?

 

Neste sábado, a prefeitura de Belo Horizonte publicou no Diário Oficial do Município um decreto que instaura situação de emergência em saúde na capital mineira devido ao avanço da dengue. Até agora, 7 locais decretaram o status de emergência. São eles:

  • Belo Horizonte;
  • Rio de Janeiro (capital);
  • Florianópolis;
  • Minas Gerais;
  • Acre;
  • Goiás e
  • Distrito Federal

 

Brasil deve ter 149% mais casos de dengue neste ano do que o pior da série histórica. — Foto: Arte O GLOBO
Brasil deve ter 149% mais casos de dengue neste ano do que o pior da série histórica. — Foto: Arte O GLOBO

O que é o status de emergência?

 

O status de emergência, de acordo com definição do Ministério da Saúde, é “o emprego urgente de medidas de prevenção, de controle e de contenção de riscos, de danos e de agravos à saúde pública em situações que podem ser epidemiológicas (surtos e epidemias), de desastres, ou de desassistência à população”.

A medida é considerada especialmente por diminuir burocracias e permitir uma maior agilidade nas ações voltadas a conter os casos da doença. Nesta semana, por exemplo, o Ministério Saúde anunciou que destinará um montante extra de R$1,5 bilhão às localidades em situação de emergência para o combate à arbovirose.

O decreto tem validade de 180 dias, ou seja, 6 meses, mas pode ser prorrogado.

Qual vacina é utilizada na campanha contra a dengue?

 

A vacinação contra a dengue no SUS utiliza a Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda. O imunizante recebeu o sinal verde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março do ano passado.

Qual é a eficácia da vacina da dengue?

 

Nos estudos clínicos, o esquema de duas doses da Qdenga, aplicadas num intervalo de três meses entre elas, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações e de 90,4% para prevenir casos graves.

Quem pode tomar a vacina da dengue?

 

A vacina foi aprovada pela Anvisa para todos de 4 a 60 anos, independentemente de histórico de infecção prévia, ou não, pela dengue. Porém, na rede pública, foi definido um público-alvo mais restrito neste ano devido ao quantitativo limitado de doses.

Quem pode se vacinar no SUS?

 

A campanha de vacinação contra a dengue no SUS é destinada a jovens de 10 a 14 anos de 521 cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde por terem maior carga da doença. A pasta orienta que a oferta comece para aqueles de 10 a 11 anos e progrida até os 14 anos conforme novas remessas de doses cheguem ao longo do ano.

Por que os adolescentes foram escolhidos para a vacinação?

 

A faixa etária de 10 a 14 anos foi definida por ser a segunda com mais hospitalizações pela dengue – 16,4 mil de janeiro de 2019 a novembro de 2023. Os idosos, que representam a maior parcela de casos graves, não podem fazer parte da campanha porque a vacina foi aprovada pela Anvisa apenas de 4 a 60 anos, idades que participaram dos estudos clínicos.

A decisão do Ministério foi tomada em conjunto com os representantes das secretarias municipais e estaduais de Saúde e seguiu as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a dose de 6 a 16 anos, e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização do ministério (CTAI).

Quais cidades receberão a vacina da dengue?

 

O Ministério da Saúde definiu uma lista de 521 cidades que receberão a campanha da vacina da dengue (veja abaixo). Os municípios foram escolhidos com base em três critérios:

  1. Ter população superior a 100 mil habitantes;
  2. Ter uma alta transmissão de dengue neste ano e em 2023 e
  3. Ter maior predominância do sorotipo 2 do vírus, responsável pela maior parte dos casos hoje no Brasil.

 

Quando a vacinação vai começar na minha cidade?

 

O Ministério da Saúde começou a distribuir 712 mil doses para nove estados (GO, BA, AC, PB, RN, MS, AM, SP e MA) e o DF no início do mês. Juntos, eles representam 315 das 521 cidades escolhidas para a campanha (60%).

Segundo a pasta, a previsão é que, com a chegada de novos lotes, até a primeira quinzena de março todos os 521 municípios recebam doses suficientes para a vacinação da faixa etária de 10 a 11 anos.

Os municípios podem dar início à aplicação do imunizante conforme receberem as doses, por isso a vacinação não começa em todos os locais ao mesmo tempo – em Brasília, Campo Grande e Salvador, por exemplo, a dose já é ofertada. Em São Paulo, terá início na próxima semana.

No decorrer do ano, de forma progressiva, o envio escalonado de novas doses pela farmacêutica “garantirá a vacinação de todo o público-alvo, de 10 a 14 anos”, diz o Ministério.

Quem já teve dengue pode tomar a vacina?

 

A vacina da dengue pode ser aplicada em quem já teve a doença. Inclusive, é fortemente indicada ao público pelos especialistas, já que uma segunda contaminação – possível pelo fato de o vírus ter quatro sorotipos – é geralmente mais grave.

Quando a vacinação será ampliada?

 

Para 2025, está acordado com a farmacêutica o envio de mais 9 milhões de unidades, suficientes para proteger outras 4,5 milhões de pessoas. O ritmo ainda é baixo, mas o Ministério da Saúde diz que “coordena um esforço nacional para ampliar o acesso a vacinas para dengue”, atuando com Fiocruz e Butantan para viabilizar a produção de imunizantes no país.

Além disso, por enquanto, a campanha no SUS é feita apenas com a Qdenga, mas, em breve, espera-se que uma nova dose esteja disponível, que poderá ser fabricada no Brasil. É a vacina do Instituto Butantan, que está na última etapa dos testes clínicos e teve recentemente dados publicados na revista científica New England Journal of Medicine.

Administrado em dose única, o que facilita a logística, o imunizante teve uma eficácia de 79,6% para proteger contra a infecção ao longo do período de dois anos em que os voluntários foram acompanhados. A proteção é semelhante à da Qdenga (80,2%).

A expectativa do Butantan é submeter o pedido de aprovação para uso à Anvisa no segundo semestre para, se receber o sinal verde, a dose começar a ser disponibilizada a partir de 2025.

A vacina está disponível na rede privada?

 

A Qdenga também pode ser encontrada na rede privada por valores que vão de R$ 350 a R$ 490 a dose, segundo levantamento do GLOBO. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final fica de R$ 700 a R$ 980.

Segundo dados da Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVA), a busca pela dose em locais particulares explodiu no último mês, um salto de 110,3% em relação ao número registrado em dezembro.

No entanto, a ABCVA destaca que algumas unidades já relatam não ter mais a vacina em estoque. O motivo é a priorização por parte da farmacêutica da campanha que terá início no Sistema Único de Saúde (SUS), já que há um quantitativo limitado de doses que a Takeda consegue produzir.

Na última segunda-feira, o laboratório emitiu um comunicado em que afirma que o fornecimento na rede privada será restringido para apenas o necessário para que aqueles que receberam a primeira dose completem o esquema vacinal.

Fonte- Agência O Globo via globo.com