O consumo de bebida alcoólica no Distrito Federal é o maior do país, inclusive entre as mulheres, aponta uma pesquisa feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para chegar ao resultado, foi montado um ranking com o percentual de adultos que consomem álcool de forma abusiva, incluindo todas as capitais. O DF ficou em primeiro lugar, com 25,4%.

Quando é feita a separação por sexo, as mulheres também ficaram no topo da lista nacional, com 20,1%. E os homens do DF, em quinto lugar, com 31,8%. O estudo levou em consideração o chamado consumo abusivo de álcool: quatro doses ou mais para mulheres, e cinco ou mais para homens, em uma mesma ocasião, dentro de 30 dias. Segundo o levantamento, o hábito é mais comum entre pessoas de 18 a 34 anos, e com mais escolaridade.

A pesquisa aponta ainda que o DF ficou em quarto lugar quando o assunto foi beber e dirigir em seguida, com 15,7% dos entrevistados – ficando atrás só de Goiânia, Florianópolis e Palmas. Separando por sexo, no entanto, as brasilienses ficaram no topo da lista nacional feminina. No ano passado, o Detran flagrou mais de 15,11 mil motoristas que combinaram álcool e direção. Foram 958 condutores a mais do que no ano anterior.

Homem consome copo de cerveja em bar (Foto: TV Globo/Reprodução)

Risco

Segundo o professor Davi Duarte Lima, da Universidade de Brasília e presidente do Instituto Segurança no Trânsito, beber cinco doses aumenta em cem vezes o risco de se envolver em acidente.

“O motorista sob efeito de álcool diminui os reflexos, então reage mais lentamente e com isso ele pode se envolver num acidente. A segunda razão é que ele muda o comportamento e passa a negligenciar riscos: não respeita o pedestre, não respeita a sinalização e aí novamente o risco de acidentes aumenta”, afirmou.

“Você começa como um bebedor social, bebendo uma quantidade que você consegue controlar e daqui a pouco você vai perdendo o controle sobre aquela quantidade que você tomava”, disse uma pessoa que lutou contra o consumo compulsivo.

Efeito

O interesse é pela sensação, diz outra pessoa que largou o vício. “Não importa a quantidade, nem os dias da semana e o tipo de bebida, mas o efeito que ela causa. O que faz o alcoólico não é a quantidade de bebida que ele ingere, não é a frequência que se dá o consumo, muito menos o tipo. O que vai determinar é o efeito do álcool em sua mente.”

“O álcool tem essa característica de ser sorrateiro. Às vezes a pessoa faz esse uso exagerado, mas ainda mantém o emprego, mantém as relações. um dia ou outro chegou atrasado e não percebe o tamanho do dano que está se acumulando ao longo do tempo no organismo”, disse o médico psiquiátrico da Secretaria de Saúde, Leonardo Moreira.

A Secretaria de Saúde tem sete Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas, que atenderam no ano passado 12 mil pessoas. A pasta diz que tem um projeto em andamento para rastrear dependentes de álcool, a começar por Ceilândia e Taguatinga.

De acordo com a ANS, foram ouvidas 30 mil pessoas entre maio e dezembro de 2015 para a pesquisa. Ao todo, 53.021 entrevistas por telefone, em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Desse total, 30.549 pessoas afirmaram ter plano de saúde, sendo 19.345 mulheres e 11.204 homens.

Fonte: G1 Distrito Federal