Foto – Instagram
Lucas Eurilio
O vendedor de frutas e digital influencer de Palmas, Hiaggo Henrique de Paula, está tendo que lidar com a triste realidade de ter seu único meio de trabalho incendiado. Conhecido nas redes como Django Frutas, Hiaggo que é um homem negro, relatou que também sofreu racismo.
O carro no qual ele fazia suas vendas todos os dias, ficava estacionado no bolsão da 402 Sul, na frente do Banco do Brasil, na Teotônio Segurado e foi queimado com todos os seus produtos, que em sua grande parte, vão precisar ser descartados, pois tudo foi consumido pelo fogo.
Ainda abalado pelo que aconteceu, o empreendedor postou uma sequência de stories em seu perfil no Instagram nesta quarta-feira, 3, sentando no banco do seu veículo queimado.
Hiaggo contou nas redes sociais que já havia sido ameaçado pelo autor do crime e que tudo aconteceu, após um ‘venezuelano’ chegar no local e pedir pra ele trocar um dinheiro.
Ao ter uma negativa, o autor voltou até o local mais tarde e incendiou o veículo.
“Na segunda-feira, 1º, um rapaz está acostumado a pedir esmola, um venezuelano, e ele pediu que eu tivesse um carregador pra emprestar pra ele, e eu disse que não tinha. Dez minutos depois ele chegou e pediu pra eu trocar um dinheiro pra ele, eu falei que não tinha. E foram apenas essas duas palavras que eu troquei com ele na minha vida. Eu nunca conversei com ele sobre nada, ele vem aqui, pede esmola, depois vem chama o Uber e vai embora sistematicamente a partir das 18h da a tarde”, disse à Gazeta.
O crime foi registrado na noite desta terça-feira e um boletim de ocorrência já foi registrado na Polícia Civil, que vai investigar o caso.
A Gazeta do Cerrado conversou com o digital influencer e vendedor hoje e ele contou que foi chamado de ‘nêgo macaco’ pelo criminoso.
“Eu tendo falado que não tinha, ele começou a me xingar. Enquanto eu trabalhava ele copiosamente estava xingando. Ele xingava, ‘nêgo maldito’, nêgo macaco’ . Eu sou negro, mas não sou negro maldito igual tu nesse país maldito. Falou todo o tipo de coisa que você imaginar. Ficou cerca de 10 minutos xingando e falou que ia tacar fogo no meu carro”, contou.
Django Frutas contou ainda que não deu muita atenção, mesmo com o pedido insistente das amigas que estavam no local para que ele chamasse a polícia. Por medo das meninas serem agredidas e achar que não ia acontecer nada, a polícia não foi acionado naquele momento.
“Só que eu estava com muita pressa, porque eu tinha muita coisa pra fazer. Todo dia sistematicamente o mesmo acontece. Então, as meninas que estavam ali comigo, a Gabriela e a Isadora, falaram Hiaggo, vamos chamar a polícia, vamos fazer isso, vamos fazer àquilo, tava com pressa e falei, ‘não gente, eu preciso ir. Esse rapaz é um coitado. Ele não fazer nada, porque eu não fiz nada pra ele. Fez o ataque racista, ok! Não fiz nada que pudesse motivar que ele realmente fosse fazer isso. Nunca troquei uma palavra com ele, então não justificava que eu tivesse medo dele por uma ameaça. Então eu falei que não ia fazer, elas insistiram pra eu chamar a polícia e o meu medo maior era de não falar nada pra ele, porque as meninas estavam lá comigo e ele podia agredir elas, então eu fiquei calado e continuei terminando de guardas as coisas do carro. Fui embora pra casa, quando vim trabalhar na terça-feira, 2, fiquei até por volta de 20h, e por volta das 20h26 da noite, ele estava rondando por aqui ele foi e colocou fogo no carro e saiu. Simplesmente foi isso que ele fez”, relatou.
Vaquinha para ajudar o Django Frutas
Após a repercussão do incêndio do seu único meio de trabalho, os palmenses criaram uma vaquinha virtual para arrecadar o valor de R$ 10 mil para que Hiaggo (Django Frutas) possa recomeçar e voltar a fazer suas vendas diárias.
“Django é um homem batalhador que acorda todos os dias para trabalhar com amor e carinho com todos os seus clientes. seu carro incendiado por um criminoso racista que proferiu palavras chulas e racistas contra ele por um simples fato dele ter negado trocar nota de dinheiro em espécie, o criminoso o humilhou e ateou fogo contra o carro de Django, que utiliza para vender frutas e demais itens orgânicos”, disseram os criadores da campanha Gustavo Somera e Gustavo Bonilha.