Por falta de uma estrutura adequada nas plataformas e nos vagões que operam com destino ao Porto de Itaqui (MA), as plantas frigoríficas do Tocantins não podem usar essa rota tendo que fazer o transporte por caminhões refrigerados até os portos de Santos e Paranaguá, encarecendo os custos com a exportação. Essa demanda foi apresentada à VLI, companhia de soluções logísticas que opera os terminais no Tocantins, e aos administradores do Porto de Itaqui, durante a reunião entre os governadores do Tocantins, Mauro Carlesse, e do Maranhão, Flávio Dino, e suas respectivas equipes técnicas, realizada nessa quinta-feira, 22, no Palácio Araguaia.
O titular da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), Jaime Café, explicou qual a necessidade do setor. “Além de pontos de energia no momento de carregamento dessa carga, também tem a necessidade de energia nos vagões para que ela chegue em boas condições ao Porto de Itaqui. Hoje, esse transporte é feito via caminhões até os portos de Santos e Paranaguá que estão mais distantes e com custo alto de frete, sendo que o Porto de Itaqui está muito mais próximo a nós”, explicou.
Na prática, o embarque de produtos congelados de origem animal, destinados à exportação via Porto de Itaqui, seria feito nas plataformas multimodais existentes no Tocantins, seguindo pela Ferrovia Norte-Sul até o porto maranhense. “Isso vai otimizar a exportação desses produtos e, principalmente, vai baratear custos para as plantas frigoríficas que vão poder pagar melhor ao produtor que fornece a matéria-prima. A cadeia produtiva será beneficiada como um todo”, ressaltou Jaime Café.
A diretoria da VLI se comprometeu em fazer adequações após um levantamento da atual demanda do setor. “Vamos, já nos próximos dias, nos reunir com os representantes da cadeia da carne para levantar esse volume de produtos exportados e apresentar à VLI para que procedam essas adequações; e também ao Porto de Itaqui, para que absorva mais essa demanda de exportação de origem tocantinense”, afirmou.
Atualmente, as exportações de soja e milho de origem tocantinense são feitas via Porto de Itaqui e representam mais de 40% da operação do Porto. A expectativa agora, com essa parceria Tocantins e Maranhão, via Projeto de Integração Geopolítica Interestadual, é que o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) abra mais uma janela para exportação de farelo de soja tocantinense.
Números
O Tocantins ocupa 38% da área conhecida como Matopiba – nova fronteira do agronegócio formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – e chegou, em 2020, a 1,6 milhão de hectares plantados. Um crescimento de 120% na última década, fazendo a produção saltar de 2 para 6 milhões de toneladas de grãos e mais de 266,3 mil toneladas de carne por ano, com um rebanho bovino de mais de 9 milhões de cabeças. A previsão para a Safra 2024/2025, é de 14,4 milhões de toneladas de grãos e haverá um crescimento de 2,1 milhões de hectares em apenas cinco anos.
Em 2020, o valor exportado em carne foi de US$ 325 milhões;, de soja, US$ 872 milhões; e de milho, US$ 121 milhões. China, Espanha e Turquia são os principais destinos da soja; China é também o principal comprador da carne tocantinense; e o milho é exportado principalmente para Espanha e Egito.
Presenças
O encontro entre gestores e empresários também contou com a presença do vice-governador Wanderlei Barbosa; do presidente do Porto de Itaqui, Ted Lago; do diretor Comercial da VLI, Sebastião Furquim; do gerente de Desenvolvimento de Negócios da VLI, Alexandre Biller; do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto), Roberto Pires; de secretários de Estado do Tocantins e do Maranhão; deputados estaduais; prefeitos e vereadores de municípios tocantinenses e maranhenses.
Crédito foto: Tharson Lopes