Nesse domingo, 14, o Parque Estadual do Cantão (PEC), localizado ao centro-oeste do Tocantins, comemorou seu 26º aniversário. Criado em 14 de julho de 1998, o parque é um patrimônio natural que se estende por mais de 90 mil hectares, integra os biomas Amazônia e Cerrado, e oferece um refúgio de espécies da flora e fauna.
A criação desta Unidade de Conservação, gerida pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), foi um marco na história da conservação ambiental no Tocantins. O parque foi estabelecido com o objetivo de proteger uma região que abriga uma das maiores diversidades biológicas do país. A área inclui uma complexa rede de rios, lagos e florestas inundáveis que formam um ecossistema único, essencial para a manutenção da biodiversidade.
A posição geográfica do Parque Estadual do Cantão é significativa. Delimitado pelos rios Araguaia, Javaés e Coco, o parque desempenha um papel crucial na manutenção dos ciclos hidrológicos da região. A área alagada sazonalmente contribui para a fertilização natural dos solos e é vital para a reprodução de várias espécies aquáticas.
Projetos de Conservação e Pesquisa
Ao longo de seus 26 anos, o parque tem sido um centro de pesquisa e conservação. Instituições acadêmicas e organizações não governamentais colaboram em projetos que visam monitorar a biodiversidade e promover a recuperação de espécies ameaçadas. Programas de educação ambiental e turismo sustentável também são fundamentais para sensibilizar a população sobre a importância da conservação.
Neste sentido, o Naturatins criou há dois anos o programa Pró-Ariranha que atua como um dos principais instrumentos para a conservação das populações remanescentes de ariranhas na região. O objetivo é desenvolver ações institucionais a longo prazo que contribuam para a preservação das ariranhas no PEC.
Caminhada ecológica
Para celebrar os 26 anos do Parque Estadual do Cantão, a supervisão da UC, em parceria com os Corredores do Cantão e da Secretaria Municipal de Saúde, promoveu Um Dia no Parque, e recebeu crianças de assentamentos, acampamentos sem-terra da região, e, também, da zona urbana de Caseara, que fizeram uma trilha guiada nas proximidades da sede do Parque. Ao final das atividades, após o café da manhã, as crianças receberam brindes e kits escolares.
“Trabalhamos com as crianças do campo e da cidade, de 6 a 12 anos. É uma iniciativa de suma importância, porque ajudamos a despertar a necessidade de preservação ambiental. Tivemos também apoio da Igreja Batista Filadélfia, da ATOBio [Associação Tocantinense dos Biólogos], e do Funbio [Fundo Brasileiro para a Biodiversidade], por meio do programa Arpa [Áreas Protegidas da Amazônia], que nos ajuda a manter essas ações de preservação da biodiversidade”, observou o supervisor Adailton Glória.
Carlos Henrique, de 11 anos, vive com sua família no acampamento sem-terra Beatriz Barros. Ele conta que esta é a quarta vez que visita o Parque. “Gosto daqui porque podemos comunicar com a natureza, conhecer mais a natureza, tem árvores muito bonitas e animais, agradeço muito a vocês por estarmos aqui e quero que repita mais vezes”, observou.
“Gostei do ar livre, aqui é muito frio. E pelo rio, o rio é muito bonito, a paisagem dele”, contou Samara Alves, de 10 anos, que também vive no acampamento Beatriz Barros.
Corredores do Cantão
Idealizado pelo médico Fabrício Frauzino, em 2013, o projeto Corredores do Cantão iniciou no contexto do Programa Mais Médicos, com o objetivo de fazer um plano de intervenção comunitário para colocar o exercício físico programado nas comunidades, principalmente nos assentamentos. “Na época eram cerca de 10 assentamentos, e o objetivo era trazer essa iniciativa como uma ferramenta para colocar as crianças numa prevenção de obesidade, problemas de saúde mental e até mesmo a gestação não desejada na adolescência. Começamos a fazer essas atividades em parceria com as escolas, e depois foi crescendo, os pais vieram. E o Parque entrou nessa atividade porque queria trazer as pessoas para fazer as observações, fazer essa interação com a natureza”, detalhou Fabrício Frauzino.
Para o médico, atleta de ultra-maratonas, após 11 anos, a avaliação é de que o Corredores do Cantão tem alcançado seus objetivos. “O projeto está crescendo com novas iniciativas e parcerias. Nesses últimos anos, a avaliação é de que os benefícios que ele trouxe foram fundamentais. Hoje temos aquelas crianças, já adolescentes, outros adultos, saindo daqui de Caseara, que mantêm as atividades físicas. Então o objetivo foi alcançado naquela época, como agora, pelos relatos que nos trazem. Hoje, pra mim, é uma grande satisfação ter este projeto consolidado”, finalizou.