Equipe Gazeta do Cerrado

O humorista tocantinense Paulo Vieira comoveu a internet após desabafo e depoimento na despedida do programa do Fábio Porchart.

Em seu texto, o humorista fala sobre sua trajetória até chegar ao programa e conta as dificuldades enfrentadas.

O programa exibido na Record encerrou após dois anos e meio no ar, ele foi cancelado depois de desistência de Fábio Porchart em renovar o contrato com a emissora.

Veja a íntegra do depoimento do humorista tocantinense:

SÓ MAIS UM TEXTO MOTIVACIONAL

A primeira assinatura na minha carteira de trabalho foi da globo, pra mim foi inevitável a sensação de “cheguei lá”. Um ano depois eu fui demitido sem ter feito nada na casa. Acordei do sonho. Acordei imenso.

Acordei entendendo que não existe “chegar lá”, que a vida não é vertical e sim horizontal, que não existe ninguém “lá em cima”, que não existe um topo para conquistar. Essa analogia de que a vida é uma escada e que subimos um degrau de cada vez é um erro. Estamos todos no mesmo nível, não existe degrau, existe estrada, mas é uma estrada diferente onde quem começou está ao lado de quem está caminhando há muito tempo pois o caminho é individual. Quando penso nessas coisas, gosto de imaginar que são como esteiras postas uma ao lado da outra, e assim como na academia: tem gente correndo, tem gente caminhando, tem gente cansada, tem gente que vai ficar muito tempo no mesmo ritmo, tem gente que vai correr por pouquíssimo tempo… mas é sempre importante lembrar que estamos todos lado a lado, quem corre, anda, ou voa, corre, anda e voa o seu próprio e intransferível caminho. NÃO EXISTE UM LÁ PARA CONQUISTAR, SÓ EXISTE O SEU CAMINHO INDIVIDUAL PARA PERCORRER, NINGUÉM GANHA DE NINGUÉM, NINGUÉM ESTÁ NA FRENTE DE NINGUÉM.

Pois bem, eu sou um pobre arrogante, aprendi com minha mãe a odiar a energia de dó, minha mãe era do tipo que quando não tinha dinheiro pra pintar o cabelo falava “menina, é que a moda agora é a raiz assim, aparecendo” rs. Eu fui despejado com a Arianna Nutt e vocês não fazem ideia do quanto a gente riu disso! Colocamos nossas coisas em um contêiner e eu lembro da gente jantar em um bar de esquina com a neguinha (cachorra) no colo sem fazer a menor ideia de pra onde iríamos depois dali. Resolvemos ir pra um hotel desses bem Barra pesada no centro, o hotel não aceitava cachorro então Arin entrou com a Neguinha enrolada numa toalha, sacodindo e ninando, fingindo que era um bebê. Desistir nunca foi uma opção, neste hotel, escrevi um texto e programei o celular pra me lembrar dele depois de um ano, nele eu falava sobre como eu, na merda, despejado, sabia que a nossa vida (minha e da Arin) estaria mudada em uma ano. No dia seguinte , andamos por São Paulo esperando o tempo passar, eu lavei o rosto em um posto de gasolina e fui fazer o teste pro programa do porchat, que foi onde eu considero que minha vida mudou.

É esta a minha mensagem de final de ano: Passe pelo que você precisa passar, tenha fé e, se conseguir, ache graça.

Fábio Porchat, você tem minha gratidão eterna. Eu te amo, não por isso, mas por isso também. ♥