Muito conhecidas por seus poderes terapêuticos, muitas ervas são recomendadas para consumo com distintas finalidades, que podem conferir desde o emagrecimento até a efeitos psicológicos, como o combate à ansiedade. Todavia, no âmbito da ciência, ainda há uma ampla discussão que questiona se o uso de ervas medicinais realmente funciona, especialmente quando falamos de perda de peso. Quem nunca ouviu dizer que chá verde, canela e outros ingredientes são termogênicos, ajudando corpo a queimar calorias?
A fim de colocar um ponto final nessa questão, um estudo da Universidade de Sidney, na Austrália, conduziu a primeira revisão global sobre ervas medicinais para emagrecer em 19 anos. Os resultados apontam que ainda não se pode ter conclusões para indicar o consumo destas para qualquer tipo de tratamento, seja em cápsulas de suplemento ou em chás. “O problema com os suplementos é que, diferente das drogas farmacêuticas, não são necessárias evidências clínicas antes de lançar os produtos ao público, tanto em mercados, quanto em farmácias”, aponta Nick Fuller, autor sênior do estudo e membro do Centro Charles Perkins, no setor Colaboração para a Obesidade, Nutrição, Exercícios e Distúrbios Alimentares, da Universidade de Sidney.
A revisão foi baseada em pesquisas internacionais relacionadas ao assunto e a partir de 54 testes aleatórios que comparavam o efeito das ervas medicinais com placebo, em relação à perda de peso em mais de 4 mil indivíduos. As conclusões foram períodico Diabetes, Obesity & Metabolism.
Além de não haver provas suficientes sobre o poder da medicina herbal, os pesquisadores afirmam que muitos estudos sobre o assunto seguiram métodos de pesquisa ruins ou reportaram que, embora alguns suplementos são proprícios e seguros para o consumo a curto prazo, o baixo custo-benefício não proporciona o emagrecimento, trazendo resultados insignificantes.
De fato, algumas ervas ainda podem ser salvas dessa conclusão, pois, em algumas das análises, a perda de peso a partir do consumo destas resultou em até 2,5 quilos a mais, quando comparadas ao placebo. Mas esse número ainda é considerado muito baixo para os cientistas, uma vez que pode depender de fatores como genética, adesão à e prática de exercícios.
Dentre os ingredientes dos suplementos mais estudados estão chá verde, garcinia cambogia, extratos de feijões brancos e de manga africana. Na Austrália, onde o estudo aconteceu, os autores apontam que apenas 20% dos produtos que entram no mercado passam por audições anualmente para conferir se, de fato, cumprem o que prometem.
Suplementos no Brasil
Já por aqui, em 2018, a Anvisa criou novas regras para a comercialização destes itens, a fim de reduzir o “desnível de informações observado nesse mercado, especialmente na veiculação de alegações sem comprovação científica”, segundo o site de agência.
Nestas novas regras, há indicações de listas positivas com nutrientes, substâncias bioativas ou enzimas, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia autorizados para uso em suplementos. Também entraram para norma limites mínimos e máximos para as quantidades destes compostos e considerações sobre a alegação de benefícios.
Também foram adotados limites mínimos e máximos para as quantidades de nutrientes, substâncias bioativas e enzimas para diferentes grupos populacionais, de forma a garantir que os suplementos forneçam quantidades significativas de constituintes sem oferecer risco à saúde dos consumidores. “Os benefícios à saúde que podem ser veiculados na rotulagem desses produtos foram definidos em lista positiva, também sujeita à atualização periódica”. Mesmo com essa regulamentação, é muito difícil ter certeza da eficácia destes suplementos, porque apesar de serem de qualidade, nem sempre os efeitos são significantes como o esperado.
fonte: Revista Casa e Jardim
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