Foi divulgada uma pesquisa do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) mostra que 24% das escolas públicas do Brasil ainda não discutem o racismo.

Júlia Ester Sousa da Silva é uma menina negra de nove anos que mora na Vila Planalto, em Brasília. Ela aprendeu sobre identidade negra e racismo dentro de casa. A irmã mais velha, Mara Karina, de 32 anos, segue os ensinamentos do avô e ensina para Júlia o que a escola ainda não consegue.

“Acabar com o racismo é importante porque, tipo, o celular de alguém caiu, aí o homem negro vai entregar para a moça e aí vai pensar que é ladrão porque pegou o celular dela só porque é negro. Por causa do racismo”, diz Mara.

“A gente trabalha essa questão racial com a Júlia a partir da valorização mesmo da beleza dela, da beleza negra, do cabelo dela, dela compreender que as pessoas precisam respeitar ela”, complementa.

 

Um dos grandes desafios que os pesquisadores identificaram é a educação infantil. A professora Débora Tatiana de Morais enfrenta esse desafio há nove anos em uma escola pública do Distrito Federal. Ela acredita que o fundamental é preparar as professoras para o trabalho de conscientização.

 

Mara diz que os professores e outros profissionais da Educação precisam de qualificação. “É preciso que os profissionais de educação tenham essa qualificação. Entenderem como é que o racismo se apresenta, como que ele se manifesta para depois a gente pensar no combate a ele. Se a gente não conseguir nem reconhecer o racismo, é difícil combatê-lo uma vez que a gente não sabe que ele está ali.”

 

A ONU, Organização das Nações Unidas, estabeleceu o dia 21 de março como o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Nesta mesma data, em 1960, vinte mil pessoas protestavam o apartheid na África do Sul. Sessenta e nove pessoas morreram e 180 ficaram feridas.

 

Neste ano, a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, é considerada por movimentos sociais, especialistas e autoridades internacionais um novo marco na luta contra o racismo. A parlamentar negra defendia os direitos humanos, combatendo o racismo, as desigualdades de gênero, a lesbofobia e a violência nas periferias e favelas.

 

Fonte: Agência Brasil